O Museu Casa Guignard, em Ouro Preto, abre suas portas para uma exposição inédita que traz à tona duas obras que estavam praticamente invisíveis do artista Alberto da Veiga Guignard. A mostra, intitulada “Do Invisível ao Visível”, utiliza técnicas avançadas de fotografia científica para revelar os traços originais do mestre, em um trabalho pioneiro no Brasil.
A exposição é o resultado da pesquisa de Larissa Oliveira, conservadora e restauradora do Núcleo de Gestão de Acervos da Diretoria de Museus (DIMUS/Secult-MG). Durante seis meses, Larissa empregou metodologias que usam diferentes radiações do espectro eletromagnético — como luz visível, fluorescência ultravioleta e infravermelho — para recuperar os desenhos. O resultado é surpreendente: as obras foram recuperadas sem qualquer intervenção física no papel.
A iniciativa, apresentada em um evento internacional na Espanha, foi desenvolvida como Trabalho de Conclusão de Curso na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob orientação do professor Alexandre Leão. Segundo Larissa, o estudo possibilitou a visualização completa das obras e de detalhes antes imperceptíveis, o que é fundamental para pesquisadores e para o público em geral.
A coordenadora do Núcleo de Gestão de Acervos Museológicos, Elvira Nóbrega, explica que a ideia surgiu de uma parceria entre instituições culturais mineiras e a universidade. “Pensamos: por que não aplicar essa mesma tecnologia para recuperar os desenhos de Guignard?”, afirmou, destacando a importância da colaboração para o avanço das técnicas de restauração.
O professor Alexandre Leão, da UFMG, ressalta o potencial da união entre ciência, arte e tecnologia. “Com as técnicas de imagem científica, conseguimos recuperar visualmente informações apagadas sem alterar o objeto original. É uma inovação que conecta diferentes áreas do conhecimento e, no caso das obras de Guignard, revelou traços antes invisíveis”, disse.
A exposição é parte da programação da 19ª Primavera dos Museus, evento nacional que este ano aborda o tema “Museus e mudanças climáticas”. A programação no Museu Casa Guignard inclui ainda a mesa-redonda “Práticas de conservação em museus: desafios e possibilidades” e oficinas gratuitas para o público.
