O mundo agro confirma mais uma vez que é uma indústria a céu aberto. Sempre sujeita às condições climáticas diversas e adversas, a agricultura mostra a cada safra que os acordos bilaterais e o bom relacionamento entre as nações pode levar à segurança alimentar para os menos favorecidos e evitar a inflação entre os poderosos.
Medidas protecionistas e quebra da soberania racional dos países que produzem alimentos precisam ser avaliadas com critério, a fim de evitar que o feitiço vire contra o feiticeiro.
As normas colocadas para importação de alimentos e outros produtos estrangeiros, que atingem diretamente o Brasil, podem provocar transtornos econômicos na União Europeia.
Os exemplos batem à porta todos os dias. Vivemos em um mundo globalizado, e o isolamento apenas para seguir a “moda verde” pode ocasionar um desequilíbrio econômico com prejuízos imediatos.
Um exemplo para avaliação de todos os continentes veio agora com a Argentina, grande produtora de trigo e uma das maiores na soja — tanto na produção quanto na exportação, incluindo o óleo de soja.
Os agricultores argentinos não viram a chuva na última safra, e a perda superou 50% do previsto. A isso estão somadas as dificuldades econômicas vividas pelo país nos últimos anos.
A questão, entretanto, está sendo resolvida com facilidade e de forma doméstica entre argentinos, paraguaios e brasileiros.
Argentina cumpre um acordo comercial e suprirá a necessidade do trigo no Brasil e no Paraguai. Por outro lado, recebe o necessário em soja brasileira e paraguaia para atender as demandas no comércio interno e internacional.
Sem ameaças de bloqueios
Desde a Segunda Guerra Mundial, a Europa não registrava uma inflação tão alta. A taxa cresceu em função da pandemia de coronavírus e do conflito político entre Rússia e Ucrânia. A situação piorou quando a seca atingiu França, Reino Unido e outros grandes produtores de alimentos no continente.
Foi necessário que o Brasil reforçasse os contêineres europeus com frutas, carnes, milho, açúcar, soja e farelo para a ração. E em relação à exportação do minério de ferro, produtos manufaturados de ferro e aço e celulose? Qual a solução?
O mais interessante na polêmica é que o deputado europeu e relator do “pacto verde” é de Luxemburgo. O principado tem a melhor renda per capita do mundo, altíssimo IDH e extensão territorial de 2.586 quilômetros quadrados — o equivalente a uma vez e meia o tamanho da Grande São Paulo.
País com montanhas e florestas, Luxemburgo acumula 620 mil habitantes e a produção agrícola representa 0,3% do PIB do país. Ou seja, quase nada! O deputado em questão é Christophe Hansen — acho que nunca veio ao Brasil para observar ou se instruir melhor sobre nossas reais condições ambientais.
Pode ser que a fonte de pesquisa dele sejam matérias sobre a ativista Greta Thunberg. Também são importantes e de “fé pública” as inúmeras declarações da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que tem se pronunciado menos sobre sua pasta nas últimas semanas.
Outra palavra arquivada no cenário internacional do agro, à disposição dos pesquisadores, foi a do presidente da APEX, órgão governamental que promove as exportações e investimentos brasileiros, em uma palestra para investidores chineses. Jorge Viana, ex-governador do Acre, falou sem limites e ao sentir a repercussão de sua fala, disse que foi mal interpretado.
Viana foi claro ao afirmar que o Brasil precisa parar de esconder as verdades e declarou que a pecuária avançou em cima do desmatamento. Ele recebeu retrospecto equivocado de sua assessoria com inúmeras outras informações que o europeu adora ouvir.
Vamos aguardar para vermos o que acontecerá!