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O Terceiro Olhar

Enxergar as dores, necessidades e oportunidades do outro e entender que somos todos responsáveis por transformarmos nosso mundo em um local melhor

Ajuda que chegou a São Sebastião, em São Paulo

Fui convidada pela Itatiaia para trazer aqui toda semana temas e fatos que demonstram a importância da responsabilidade social na construção de um mundo mais digno. No nosso primeiro encontro, gostaria de fazer um convite: o que você acha de a partir de agora começarmos a desenvolver o seu terceiro olhar?

A maior parte da população entende a responsabilidade social como uma área que deve ser atribuída ao Estado e que cabe somente ao mesmo sanar as “dores” sociais e gerar oportunidades às pessoas mais carentes.

É fundamental mudarmos essa visão e entendermos que a responsabilidade social diz respeito a todos nós!

Mas o que seria esse terceiro olhar?

Vamos utilizar como exemplo a tragédia das chuvas que ocorreram recentemente no litoral paulista.

Desastres como este nos fazem refletir e demonstram a importância da união entre Primeiro Setor (Governo), Segundo Setor ( Empresas privadas) e Terceiro Setor, (OSCs - Organizações da Sociedade Civil), três “olhares” diferentes que quando focados em uma mesma causa, geram um impacto positivo transformador.

Já era de se esperar que o governo federal, estadual e municipal agissem em prol das vítimas, mas então chega a responsabilidade social corporativa e as OSCs para demonstrarem o poder da solidariedade e do trabalho voluntário.

Para se ter uma ideia da grandiosidade da atuação privada e das OSCs, somente a Rede Gerando Falcões liderada pelo líder social e fundador Edu Lyra, já arrecadou com a campanha #tamojunto mais de 9 milhões de reais em prol das vítimas, a OSC Verdeescola e a Central Única de Favelas (CUFA), também têm ajudado na arrecadação e distribuição de diversos itens, além do cadastramento de voluntários. Vale ressaltar que, centenas de pessoas já estão trabalhando voluntariamente há dias no local auxiliando no resgate às vítimas, cuidados, limpeza e outras atividades fundamentais junto às autoridades.

Ao mesmo tempo, diversas empresas se dispuseram a ajudar não somente com doação de dinheiro, mas principalmente atuando dentro da sua cadeia de negócios, alguns exemplos: A farmacêutica EMS enviou mais de 14 mil caixas de medicamentos e itens de primeiro socorros, a Avanto, de aluguel de aeronaves, disponibilizou sua frota de helicópteros para as autoridades darem apoio às vítimas, o Mercado Pago por meio do botão doar no aplicativo do banco se juntou a campanha da Gerando Falcões para aumentar a arrecadação e a JBS doou para o Fundo Social de São Paulo 20 toneladas de alimentos e 10 mil kits de higiene e limpeza.

O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, em uma decisão acertada, isentou o ICMS dos produtos doados por empresas para atender às vítimas. Todos esses exemplos de união entre os três setores nos fazem refletir sobre a importância do trabalho das OSCs e como a sociedade precisa reconhecer que a maior parte dessas instituições atua seriamente prestando um serviço de excelência que em muito contribui para o Estado.

Isso é responsabilidade social, esse é o terceiro olhar que precisamos ter; enxergar as dores, necessidades e oportunidades do outro e entender que somos todos responsáveis por transformarmos nosso mundo em um local melhor.

Bruna Braga é jornalista, consultora em RSC e fundadora da Terceirolhar