O primeiro mês do ano é sinônimo de recomeço, esperança e fé no futuro. Mas, no nosso cotidiano, janeiro lembra tragédias sem punição que minam nossas forças para tocar o barco. Os exemplos mais doloridos veem de perto, como Brumadinho, mais distante como Unaí, mais longe ainda como Santa Maria e do outro lado do oceano, com o inesquecível nazismo.
Como doeu na edição matutina do Jornal da Itatiaia desta sexta ouvir a mãe de Augusto, um jovem de 18 anos, que morreu no dia 27 de janeiro de 2013 naquele incêndio da boate Kiss, no Rio Grande do Sul. Ele se salvou, no primeiro momento, mas, como era bem criado, voltou para salvar outras pessoas. Depois que o primeiro julgamento dos quatro acusados foi adiado em dezembro último, a mãe - dez anos depois da grande perda - não tem qualquer esperança de ver justiça para compensar tanta dor.
Fiquei pensando como deve doer, todo dia, o coração de 242 pais que perderam seus jovens filhos naquele fogo. Pensando também nos pais de outros 600 que ficaram feridos, carregam sequelas, na pele e na alma.
Veio à minha lembrança os parentes daqueles seis mortos, no Canecão Mineiro, na nossa Belo Horizonte, em incêndio semelhante e que só não fez mais vítimas porque havia show em outra casa noturna, que dividiu o público naquela noite.
Fiquei pensando, também, na moça que hoje tem 23 anos e desde os 4 está órfã porque seu pai foi um dos quatro servidores do Ministério do Trabalho chacinados em Unaí, quando apenas cumpriam seu dever.
Claro que não deu pra esquecer o sofrimento de Brumadinho, com 270 mortos, e, pior, três famílias que ainda não puderam sequer enterrar os restos mortais de seus queridos.
E aí, na manhã de sexta, vieram à cabeça Mariana, Gameleira, Barraginha, o viaduto da Pedro I, é tanta dor, tanta falta de consequência para os inconsequentes...
Não bastasse, 27 de janeiro também é o dia que nos obriga a lembrar o horror nazista... lembrar para garantir que nunca mais se repita...
Enfim, para se ter um bom fim de semana, só pedindo a Deus que nos proteja.