Este século começou com as noites de domingo tendo como uma das marcas o programa Super Técnico, apresentado por Milton Neves na TV Bandeirantes. Exibido entre 1999 e 2001, era fruto do que o futebol brasileiro viveu na década de 1990, período em que nossos treinadores viveram uma enorme valorização.
Isso foi fruto do sucesso de Telê Santana, no São Paulo; de Vanderlei Luxemburgo, no Palmeiras; de Luiz Felipe Scolari, no Grêmio e Palmeiras; de Carlos Alberto Parreira, comandante do tetra, em 1994; e de Zagallo, vice-campeão mundial em 1998, na França, mas que no ano anterior tinha quebrado, na Bolívia, a escrita de o Brasil não vencer a Copa América fora de casa.
Todos treinaram a Seleção numa época em que era clara a fartura de nomes para comandar a equipe. Pouco mais de duas décadas depois a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vive um drama na busca de um substituto para Tite, que assinou sua rescisão com a entidade na última terça-feira (17). E os brasileiros parecem cartas fora do baralho.
A busca da CBF é por um estrangeiro, isso depois de já ter recebido respostas negativas de nomes como Pep Guardiola e Carlo Ancelotti. Segundo o site UOL, nas próximas semanas Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade, deve ir à Europa na busca pelo novo treinador da Seleção. A expectativa é ter o nome no mês que vem para que ele possa trabalhar para a próxima Data Fifa, que será em março.
Dos treinadores de destaque no futebol brasileiro nos últimos anos, o único que parece fazer parte dos planos da CBF é Abel Ferreira, o português que faz história no Palmeiras.
Nomes como Cuca, Dorival Junior, Mano Menezes e Fernando Diniz não empolgam nem encantam a cúpula do futebol brasileiro. Este é um reflexo claro da desvalorização dos nossos treinadores.
Qual o motivo principal para que isso tenha ocorrido? É muito simples. Os treinadores são produtos do meio futebol brasileiro, que diminuiu de tamanho nos últimos anos, interna e externamente.
Nos anos 1990, São Paulo, Palmeiras, Corinthians, chegaram a ter verdadeiros esquadrões. Eram craques como Edmundo, Zinho, Mazinho, Marcelinho Carioca, Ricardinho, Edílson, Müller, Palhinha, Antônio Carlos, Roque Junior, entre vários outros, jogando por aqui.
Quando os grandes técnicos ganharam um programa em rede nacional, no domingo à noite, a camisa amarela tinha nomes como Ronaldo, Romário, Rivaldo, Roberto Carlos, Cafu, Taffarel, Dunga, Dida, Aldair, Mauro Silva, Bebeto, Leonardo, isso só para citar alguns.
Hoje temos muitos jogadores em grandes clubes da Europa. Qual deles se compara a algum integrante da lista acima? Treinador e jogador dependem um do outro. E a crise técnica e de técnicos do futebol brasileiro é uma prova disso.