Detentos da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, chegavam a pagar até R$ 1 mil por ligação para usar uma central clandestina de celulares montada dentro da unidade prisional.
O esquema foi descoberto nesta semana após uma operação interna,conforme revelado à Itatiaia por fontes da segurança pública e confirmado pelo sindicato dos policiais penais nesta quinta-feira (31). De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a direção da penitenciária instaurou um procedimento interno para apurar administrativamente as circunstâncias do ocorrido.
Segundo as fontes, a central funcionava no setor conhecido como “MelhorArte”, onde presos realizam atividades artísticas com o objetivo de reduzir a pena. No local, foram encontrados 34 celulares, 38 chips, 38 carregadores e pacotes de cigarro, escondidos em armários usados pelos internos.
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Segundo as fontes da Itatiaia, os celulares eram entregues por drones, que sobrevoam a unidade durante a madrugada em baixa altitude. Contudo, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) não confirma. No dia seguinte à chegada dos aparelhos à prisão, de acordo com policiais penais, detentos recolhiam os aparelhos e os escondiam nas roupas íntimas. Para ter acesso, era cobrado de R$ 50 a R$ 1 mil, conforme o tempo de ligação.
No setor “MelhorArte”, 12 detentos têm acesso a áreas fora das celas, inclusive ao espaço externo do presídio, o que, segundo os policiais penais, facilitava o esquema. Os aparelhos eram guardados em armários até serem alugados.
O que diz a Sejusp
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria afirmou que “não confirma” a existência de uma central telefônica clandestina no presídio. Confira o texto completo:
“Informamos que todas as providências administrativas relativas à apreensão citada na demanda foram tomadas pela direção da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Nessa segunda-feira (28), por meio de do trabalho de Inteligência da unidade prisional, policias penais realizaram uma vistoria no setor onde trabalham 12 custodiados e encontraram 34 telefones celulares, 38 chips e 38 carregadores, além de 1.098 pacotes de fumo.
Não confirmamos a informação sobre suposta “central clandestina de celulares”, tampouco que esses materiais teriam entrado na unidade por meio de drones. Os materiais apreendidos e os presos foram conduzidos para a Delegacia de Polícia Civil, para as providências no âmbito criminal.
A direção da penitenciária instaurou um procedimento interno para apurar administrativamente as circunstâncias do ocorrido. No curso das investigações internas, os presos envolvidos serão ouvidos pelo Conselho Disciplinar da unidade prisional e poderão sofrer sanções administrativas, que vão de advertência, em caso de classificação do ato como falta leve, à comunicação ao juiz da execução, caso seja classificado como falta grave; neste caso, poderá acarretar prejuízos à execução da pena pelos custodiados, de acordo com a avaliação da falta pelo juízo competente”.