Revolta, indignação e clamor por justiça marcaram o velório e o sepultamento do policial pena
A reportagem da Itatiaia acompanhou a despedida do servidor na manhã desta segunda-feira (4), no Cemitério da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, no Centro de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, na Grande BH.
Emocionada, Arlete Alves, irmã de Euler, contou que ele deixa três filhos e que já havia escoltado o mesmo detento em outras ocasiões.
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“Sinceramente, neste momento, eu estou com ódio dele. Eu queria entender o que se passou na cabeça dele. Por que ele fez isso com o meu irmão? Ontem eu soube que meu irmão já tinha acompanhado esse preso várias vezes na UPA. E eu via como ele tratava essas pessoas — como alguém que estava ali para proteger, com respeito, com humanidade”, disse.
Ela considera Euler como segundo filho. “Deus está me recolhendo mais um. E foi de forma violenta, por causa da função que ele exercia”, lamentou Arlete.
Pai de três filhos — de 18 anos,13 e 5 anos — Euler era, segundo a família, extremamente presente na criação das crianças. O caçula ainda não entende o que aconteceu. Já o mais velho, apesar da força para cuidar do irmão menor, ainda parece em estado de choque. “Acho que ele nem assimilou ainda, por isso nem chora”, contou Arlete.
‘Era vocação dele’
Fernando Alves, também irmão de Euler e integrante do Corpo de Bombeiros, acredita que a influência da família contribuiu para a escolha da carreira. “O pai dele trabalhava na segurança, eu também sou da área. Isso, com certeza, foi um incentivo pra ele seguir esse caminho”, disse Fernando.
Arlete contou que sempre viveu com medo por causa da profissão do irmão. “Sempre orava pedindo a Deus pra protegê-lo”, relatou.
Última mensagem
Na noite da tragédia, Arlete ainda trocou mensagens com Euler. Ele demonstrava estar tranquilo no hospital.
“No sábado mesmo, ele conversou comigo e falou: ‘tô aqui no Luxemburgo acompanhando um preso, mas amanhã, quando eu sair do plantão, vou visitar minha mãe’. Ele ainda brincou: ‘Ah, tô aqui num hospital muito bom, tem até frigobar e tudo’. Então, assim... ele tava super tranquilo, sabe? Até às 10h15 da noite tava tudo bem. Foi a última vez que vi ele online”, disse.
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Ela contou que mandou às 22h11, perguntando: ‘E aí, você ainda tá com a minha mãe?’ Eu respondi: ‘Não, já voltei pra casa descansar. Quem tá com ela é a Renata’, que é a esposa dele, né? Ele visualizou. Até então, tava tudo absolutamente tranquilo.”
Agora, a esperança da família está na Justiça. “Acredito, com certeza, que a justiça será feita. Em nome de Deus”, concluiu Fernando.
Entenda o caso
Euler Oliveira foi morto dentro do Hospital Luxemburgo enquanto
Usando a farda do policial penal, Shaylon enganou os funcionários e deixou o hospital pela porta da frente. Ele fugiu em um carro de aplicativo, mas foi preso pela Polícia Militar nas proximidades.