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Policial morto por detento em hospital de BH deixa três filhos e já tinha feito escolta de assassino

Euler Rocha, de 42 anos, foi assassinado durante escolta no Hospital Luxemburgo; família cobra respostas e justiça

Euler Rocha foi assassinado por detento que já havia escoltado outras vezes; velório foi marcado por revolta e pedidos por justiça

Revolta, indignação e clamor por justiça marcaram o velório e o sepultamento do policial pena l Euler Oliveira Pereira Rocha, de 42 anos, assassinato pelo detento Shaylon Cristian Ferreira Moreira, de 24, durante uma escolta no Hospital Luxemburgo, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na madrugada deste domingo (3).

A reportagem da Itatiaia acompanhou a despedida do servidor na manhã desta segunda-feira (4), no Cemitério da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, no Centro de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, na Grande BH.

Emocionada, Arlete Alves, irmã de Euler, contou que ele deixa três filhos e que já havia escoltado o mesmo detento em outras ocasiões.

“Sinceramente, neste momento, eu estou com ódio dele. Eu queria entender o que se passou na cabeça dele. Por que ele fez isso com o meu irmão? Ontem eu soube que meu irmão já tinha acompanhado esse preso várias vezes na UPA. E eu via como ele tratava essas pessoas — como alguém que estava ali para proteger, com respeito, com humanidade”, disse.

Ela considera Euler como segundo filho. “Deus está me recolhendo mais um. E foi de forma violenta, por causa da função que ele exercia”, lamentou Arlete.

Pai de três filhos — de 18 anos,13 e 5 anos — Euler era, segundo a família, extremamente presente na criação das crianças. O caçula ainda não entende o que aconteceu. Já o mais velho, apesar da força para cuidar do irmão menor, ainda parece em estado de choque. “Acho que ele nem assimilou ainda, por isso nem chora”, contou Arlete.

‘Era vocação dele’

Fernando Alves, também irmão de Euler e integrante do Corpo de Bombeiros, acredita que a influência da família contribuiu para a escolha da carreira. “O pai dele trabalhava na segurança, eu também sou da área. Isso, com certeza, foi um incentivo pra ele seguir esse caminho”, disse Fernando.

Arlete contou que sempre viveu com medo por causa da profissão do irmão. “Sempre orava pedindo a Deus pra protegê-lo”, relatou.

Última mensagem

Na noite da tragédia, Arlete ainda trocou mensagens com Euler. Ele demonstrava estar tranquilo no hospital.

“No sábado mesmo, ele conversou comigo e falou: ‘tô aqui no Luxemburgo acompanhando um preso, mas amanhã, quando eu sair do plantão, vou visitar minha mãe’. Ele ainda brincou: ‘Ah, tô aqui num hospital muito bom, tem até frigobar e tudo’. Então, assim... ele tava super tranquilo, sabe? Até às 10h15 da noite tava tudo bem. Foi a última vez que vi ele online”, disse.

Ela contou que mandou às 22h11, perguntando: ‘E aí, você ainda tá com a minha mãe?’ Eu respondi: ‘Não, já voltei pra casa descansar. Quem tá com ela é a Renata’, que é a esposa dele, né? Ele visualizou. Até então, tava tudo absolutamente tranquilo.”

Agora, a esperança da família está na Justiça. “Acredito, com certeza, que a justiça será feita. Em nome de Deus”, concluiu Fernando.

Entenda o caso

Euler Oliveira foi morto dentro do Hospital Luxemburgo enquanto escoltava o detento Shaylon Ferreira, internado havia três dias. De acordo com o Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais, por volta das 2h40, o preso pediu para ir ao banheiro, onde entrou em luta corporal com o agente, conseguiu desarmá-lo e efetuou dois disparos.

Usando a farda do policial penal, Shaylon enganou os funcionários e deixou o hospital pela porta da frente. Ele fugiu em um carro de aplicativo, mas foi preso pela Polícia Militar nas proximidades.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.