A Polícia Civil detalhou, na manhã desta sexta-feira (26), a operação que resultou na prisão em flagrante de um homem de 31 anos que mantinha a companheira, de 28, e as três filhas dela em cárcere privado, na Cabana do Pai Tomás, região Oeste de Belo Horizonte. A ação contou com apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal.
Em entrevista coletiva, a delegada Karla Moreira Lima Carvalho, da Delegacia de Plantão Especializada em Atendimento à Mulher, Criança, Adolescente e Vítimas de Intolerâncias, explicou que a operação foi iniciada na noite de quarta-feira (24) e concluída na madrugada de quinta-feira (25). Foi a própria vítima quem ligou para o número institucional da Polícia Civil pedindo socorro.
“Ela informou que não poderia ir até a polícia no local, porque se tratava de uma região de intenso movimento de tráfico de drogas, dominada por facções criminosas. Apenas informou a escola em que as crianças estudavam. Disse também que estava naquela residência com uma menina de 2 anos, um menino de 1 ano e, por volta das 10h30, havia chegado da escola a filha dela, de 12 anos. A partir das 22h30, não conseguimos mais obter contato com essa vítima”, explicou.
Mesmo sem informações precisas sobre o endereço, a Polícia Civil iniciou a apuração e, por volta da meia-noite de quinta-feira (25), deu início ao trabalho de campo. “Fomos até as 4h da manhã, horário em que conseguimos efetuar a prisão em flagrante desse homem, bem como libertar a mulher e as três crianças. Passamos por aproximadamente nove endereços em diversas regiões de Belo Horizonte, notadamente em aglomerados dominados por facções criminosas e intenso comércio de drogas, como Vila Leonina, no Morro das Pedras, Pedreira Prado Lopes e, por fim, no local em que foi efetuada a prisão, na região da Cabana”, detalhou a delegada, que ressaltou o apoio da PM e da Guarda de BH.
“A Polícia Militar compartilhou conosco diversos endereços que nós não temos acesso em razão do sigilo de cada instituição. Teve uma ajuda importante da Guarda Municipal, que desempenhou nove guardas que ajudaram a ir em todos os endereços que nós fomos e até onde a vítima estava, que era o local mais complicado”.
Cocaína e jogos de azar
A vítima relatou que a discussão começou após ela se indignar com uma mensagem enviada pelo suspeito à mãe dela, pedindo dinheiro para comprar cocaína e gastar com jogos de azar. Ao tentar encerrar o relacionamento, o suspeito a agrediu com tapas no rosto, chegou a enforcá-la e tomou a única chave da residência, dizendo que não a deixaria sair.
O suspeito saiu da residência três vezes, trancando todos no local, o que permitiu à vítima ter acesso ao celular para se comunicar com a Polícia Civil.
Suspeito
A delegada informou que o homem resistiu e demonstrou desrespeito em todas as vezes anteriores em que foi preso, o que levou a equipe a antecipar a possibilidade de que ele investisse contra os agentes.
A vítima foi encontrada amamentando o menino de 1 ano. A adolescente de 12 anos estava “muito assustada” e começou a chorar ao ver a polícia, devido ao medo das ameaças feitas pelo agressor.
O suspeito manteve-se em silêncio o tempo todo e não apresentou nenhuma versão sobre os fatos. Ele possui histórico de violência, com passagens anteriores pela polícia por tráfico de drogas, corrupção de menores e roubo.
Em dezembro do ano passado, ele havia sido preso em flagrante pela prática de vias de fato e ameaça contra a mesma vítima. Na ocasião, a mulher pediu medidas protetivas e chegou a ser acompanhada pela PVD, mas acabou retornando ao relacionamento, entrando novamente no ciclo de violência doméstica. Desta vez, ele voltou a agredi-la com tapas e chegou a enforcá-la.
A prisão em flagrante do suspeito foi ratificada pela Polícia Civil pelos crimes de sequestro, cárcere privado e ameaça.