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Gari assassinado: MP é a favor de bloqueio de R$ 3 milhões de empresário e delegada

Documento ressalta que a proprietária da arma de fogo responde solidariamente com o portador da arma usada no delito

Delegada deve responder solidariamente, destaca MP

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) se manifestou favorável ao bloqueio de bens de Renê da Silva Nogueira Júnior e da esposa dele, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira. Renê confessou hoje ter assassinado o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, no dia 11 deste mês, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte. Em manifestação concluída nessa segunda-feira (18), o MP pediu a indisponibilidade de bens equivalentes a R$ 3 milhões. O documento é assinado pelo promotor Guilherme de Sá Meneghin. Agora, a Justiça decidirá sobre o bloqueio.

O pedido de bloqueio dos bens foi feito na semana passada pelo advogado criminalista Tiago Lenoir, que atua como auxiliar da acusação. O objetivo é que a família de Laudemir seja indenizada futuramente. No despacho, o promotor destacou que “há provas concretas da concorrência do requerido Renê na morte da vítima, uma vez que testemunhas o reconheceram como a pessoa que efetuou os disparos de arma de fogo. Ainda, verificou-se que o requerido se utilizou da arma de fogo de sua esposa, que ocupa o cargo de delegada de polícia”.

O documento ressalta que a proprietária da arma de fogo responde solidariamente com o portador da arma usada no delito. “Logo, não há dúvida acerca do dever de indenizar e que ambos devem ressarcir os requerentes, configurando-se o fumus boni iuris (probabilidade de existência do direito alegado por uma parte em um processo judicial) para deferimento da cautelar penal”, diz trecho do despacho.

“Conforme salientaram os peticionários, os requeridos possuem bens suficientes para a reparação dos danos neste momento, mas, com o transcurso do tempo e a grande repercussão do caso, naturalmente podem desviar parte do patrimônio, lesando o interesse legítimo dos familiares da vítima”.

‘Cristão e patriota’

Meneghin destacou que Renê se apresentava como “empresário, cristão, patriota, maçom e membro da Ordem dos Cavaleiros da Inconfidência Mineira (OCIM)”, e que a requerida Ana Paula é delegada de Polícia, o que faz presumir a capacidade financeira para arcar com uma vultuosa quantia indenizatória.

“Não obstante a ausência de indicação de valor, posto que o procurador postulou a indisponibilidade de todos os bens, para os fins de medida cautelar, especialmente o bloqueio de recursos depositados em bancos e instituições financeiras afins”, destaca outro trecho.

Entenda o caso

Conforme Boletim de Ocorrência (BO), o crime foi cometido por volta das 9h03 na rua Modestina de Souza, bairro Vista Alegre. Laudemir trabalhava na coleta de resíduos quando o motorista de um BYD de cor cinza, que seguia no sentido contrário, se irritou, alegando que o veículo atrapalhava o trânsito.

Renê é apontado pela polícia como o motorista. Armado, ele apontou a arma para a motorista do caminhão e ameaçou atirar no rosto dela. Ele seguiu, passou pelo caminhão, desceu do carro com a arma em punho, deixou o carregador cair, recolocou e atirou contra o gari. A bala atingiu a região das costelas do lado direito, atravessou o corpo e se alojou no antebraço esquerdo. Renê foi preso horas depois, ao chegar à academia.

Nessa segunda-feira (18), os advogados de defesa dele deixaram o caso. Leonardo Guimarães Salles, Leandro Guimarães Salles e Henrique Viana Pereira, do escritório Ariosvaldo Campos Pires Advogados, solicitaram a baixa dos seus nomes na representação do empresário.

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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.