Imagine correr 45 km em uma praça, correr todas as ruas na avenida do Contorno em 33 horas e correr da capital mineira até Ouro Preto. Esses são alguns dos “checks” — quase inacreditáveis — feitos pelo jovem Bruno Monteiro, de 25 anos.
Bruno mudou-se de João Pessoa para Belo Horizonte em 2017 para estudar engenharia de software na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na busca por uma atividade física e pela curiosidade de conhecer a cidade onde havia recém-chegado, encontrou na corrida a união de história, geografia e saúde.
“Eu não tava fazendo nenhuma atividade física, e precisava de alguma coisa para mexer o corpo, né? A corrida foi uma coisa que inicialmente achei suportável em comparação com as outras coisas”, brincou ele que, hoje, treina sete vezes por semana e, às vezes, duas vezes ao dia.
Os treinos são diversos, mas foi um vídeo que mostra Bruno correndo cinco horas em uma rotatória no bairro Anchieta, na região Centro-Sul de Belo Horizonte que fez sucesso na internet. No total, ele fez aproximadamente 45 km em 150 voltas. “Você põe um podcast, troca para uma música, fica em silêncio, fica pensando…”, contou.
Em 2023, Bruno e amigos iniciaram o projeto de percorrer todas as ruas que atravessam a avenida do Contorno em Belo Horizonte, inspirado em um projeto similar feito de bicicleta. O planejamento da rota envolveu um esquema complexo com análise de mapas e desenvolvimento códigos para calcular a rota.
A rota planejada era de 160 km, mas devido a imprecisões do GPS, o percurso totalizou cerca de 180 km. “Eu tava planejando umas 30 horas e eu fiz em 33 horas. Fez muito calor, um sol absurdo, muito, muito forte. Então fiquei com muito calor e isso atrapalha muito a corrida, porque, com o corpo quente, a gente sua muito e desidrata”, contou sobre a dificuldade.
A poluição de uma das principais vias da cidade também foi sentida no corpo de Bruno. “A fumaça me afetou muito no final. Meu nariz sangrou”, lembrou.
Fora de Belo Horizonte
Para realizar desafios como esses, ele costuma contar com o apoio de amigos em carros, levando água e comida. Doces, banana, rapadura, Coca-Cola e isotônicos fazem parte do kit de alimentos do ultramaratonistas. “Já peguei aquele melzinho de 200 ml e bebi inteiro”, disse. Em corridas mais longas, também consome comida “de verdade”, como arroz, pizza e açaí.
Após completar a Contorno, Bruno começou a tentar completar outros bairros de Belo Horizonte, acompanhando seu progresso pelo mapa do aplicativo Strava.
E não é só na cidade que ele corre. Ele contou que já fez 105 km de Belo Horizonte até Ouro Preto (Central de Minas). Mas o maior desafio de que Bruno participou foi a prova Caminho de Rosa, uma corrida de 250 km no sertão de Minas Gerais, inspirada na peregrinação de Guimarães Rosa. Bruno abandonou a prova após percorrer 210 km, devido ao cansaço.
De volta a cidade natal
Do sudeste para o nordeste. O sonho do Bruno hoje é um dia ir a pé da capital mineira até sua cidade natal, João Pessoa.
“Não estou com um objetivo próximo bem definido. Mas tenho o sonho de ir a pé daqui onde moro, Belo Horizonte, para minha cidade natal, João Pessoa, na Paraíba. Isso dá uns 2.500 km, dependendo da rota. Tenho esse sonho de um dia tentar ir a pé e ir parando nas cidades, atravessando o São Francisco. Para isso, vou precisar me preparar um pouco mais ainda”, disse.
