PRF arquiva denúncia de assédio, e servidores fazem carta aberta em protesto

Documento conta com 350 assinaturas de servidores de diversas regionais; pelo menos seis mulheres, de cargos distintos na PRF em Minas, teriam sido vítimas do mesmo homem

Servidores manifestaram indignação com o arquivamento de denúncia na PRF

Servidores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) se manifestaram, por meio de uma carta aberta, cobrando ações efetivas contra assédios na instituição. A carta foi feita após o arquivamento de denúncia de assédios sexuais e morais supostamente cometidos por um homem que ocupava a Chefia de Gabinete da Superintendência da PRF em Minas Gerais.

O documento, ao qual a Itatiaia teve acesso, conta com 350 assinaturas de servidores de diversas regionais. Pelo menos seis mulheres, de cargos distintos na PRF em Minas, teriam sido vítimas de abuso de 2016 a 2018, todos praticados pelo mesmo homem.

Cinco anos depois da denúncia, a investigação acabou sendo arquivada, o que causou revolta nos servidores. Um policial da corporação contou à Itatiaia sobre as situações que uma das vítimas, esposa dele, sofreu nessa época.

“Num primeiro momento, ele era educado, depois começava com algumas insinuações e brincadeiras, e o negócio ia evoluindo. Minha esposa foi tocada na coxa e na cintura por ele, e após as vítimas recusarem ou manifestarem insatisfação pelo contato físico, ele partia para o assédio moral. Ele começava a desvalorizar o trabalho das mulheres, ridicularizá-las em público, e mesmo quando a vítima se recusava a trabalhar com ele e pedia a mudança de setor, ele impedia que ela saísse do setor e a obrigava a passar por aquela tortura”, relatou.

O policial continuou: “Vários colegas intervieram para que essa prática fosse cessada. O que causou a nossa insatisfação é que esses colegas não foram ouvidos no processo administrativo disciplinar. No caso da minha esposa, ela trabalhava em um setor que tinham muitos estagiários, e a chefe substituta do setor que presenciava a situação abusiva e agressiva não foi ouvida pela comissão. A servidora responsável pelos estagiários também não foi ouvida. Não tiveram o interesse, ao que parece, de aprofundar as provas que eram visíveis, que eram evidentes”.

O policial e a esposa conseguiram transferência para a PRF de outro estado.

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O que diz a PRF?

Segundo o relatório final da Comissão de Processo Administrativo e Disciplina, todas as testemunhas indicadas, tanto pelas vítimas, quanto pela defesa, foram ouvidas no bojo da apuração. No decorrer do processo, houve a desistência de um servidor. No mais, foram ouvidas todas as pessoas mencionadas pelas testemunhas arroladas.

A PRF afirmou, ainda, que a atual gestão vem cotidianamente trabalhando para a conscientização, enfrentamento e combate a todos os tipos de assédio, seja dentro ou fora da instituição.

O que diz a defesa do policial?

Em nota, a equipe jurídica do policial afirmou que o processo foi “completamente pautado no devido processo legal e na legalidade”, e que foram “acatadas todas e quaisquer sugestões da comissão de investigação preliminar”.


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Amanda Antunes cursou jornalismo no Unileste (Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais), com graduação concluída na Faculdade Estácio, em Belo Horizonte. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012, chegou à Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.

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