Moradora do bairro Jatobá, na região do Barreiro em Belo Horizonte, Silvana Silva, de 61 anos, corre o risco de ter o tratamento de câncer interrompido devido a uma suposta fraude em suas contas de água.
A mulher conta que mês passado teve o CPF invalidado após descobrir 250 contas em atraso na Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais). As primeiras datam dos anos de 2004 e 2005, há 20 anos.
Silvana afirma que as contas são referente à um endereço na Vila Leonina, na região Oeste de BH. Porém, a mulher afirma que nunca morou no local e nem mesmo sabia da existência do bairro. Ela alega que alguém está usando o seu CPF indevidamente.
Em 2022, Silvana descobriu um câncer nas tubas uterinas. Ela já terminou a quimioterapia e, agora, começou a imunoterapia. Mas, desde o mês passado, a mulher está com o CPF inválido e, por isso, corre o risco de ter o tratamento interrompido. Isso porque ela faz o tratamento pelo plano de saúde. Além disso, Silvana contou que teve dificuldade para retirar medicamentos pela farmácia popular, após o CPF ser suspenso.
De acordo com Silvana, a Copasa já mandava mensagens avisando sobre o débito desde 2021, mas ela pensou que era um golpe, já que nunca havia deixado de pagar nenhuma conta de água.
“Em 2021, meu marido começou a receber mensagens no telefone dele, dizendo que tínhamos contas em aberto na Copasa. A gente pensou que era um golpe porque as contas estavam todas em dia, como ainda estão. Nós fomos no Barreiro ver o que estava acontecendo, explicamos a situação e um protocolo foi aberto”, explica.
O casal procurou a Copasa já no fim de 2021. Já no início do ano seguinte, em 2022, Silvana descobriu o câncer.
“Minha prioridade não era mais a Copasa e sim o meu tratamento. Nesses dois anos, nós não nos preocupamos com Copasa. Quando foi no mês passado, meu marido começou a receber de novo as mensagens dizendo que meu nome estava em débito e que ia ser incluído no Serasa”, afirma.
A moradora abriu um boletim de ocorrência e a Polícia Civil vai investigar o caso. Segundo a corporação, os responsáveis por usar o CPF de Silvana podem ser responsabilizados por estelionato.
Nota da Copasa
“A Copasa informa que, quando ocorrer este tipo de situação, ao procurar a empresa, por meio de um dos canais de relacionamento com o cliente, é gerada uma solicitação de revisão de cadastro, com o intuito de identificar o responsável pelo consumo/conta. A partir daí, são tomadas as providências e análise para possível exclusão do CPF da cliente, caso seja constatado que o CPF utilizado não está vinculado aos débitos.
A Companhia comunica que, nesse caso específico, a cliente esteve em uma das agências de atendimento presencial da empresa no último dia 8 de abril, e que o atendimento da solicitação está dentro do prazo estabelecido que é de 15 dias. Após concluída esta apuração, caso seja constatado que a cliente não é responsável pelos débitos, será feita a exclusão do vínculo do CPF com o imóvel. A ligação deste imóvel, inclusive, já está cortada”.