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Caso Jéssica: investigação avança após depoimento de proprietário da Choquei

Polícia Civil afirma que aguarda laudo para concluir inquérito; jovem mineira tirou a própria vida após ser alvo de informações falsas de que teria um relacionamento com Whindersson Nunes

Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, cometeu suicídio após ter o nome vinculado a uma informação falsa

A investigação sobre a morte da Jéssica Vitória Canedo avançou após o proprietário da página ‘Choquei’ prestar depoimento e o inquérito deve ser entregue pela Polícia Civil em breve. O órgão apura se houve ‘algum induzimento, instigação ou auxílio’ ao suicídio da jovem mineira.

Segundo a Polícia Civil, a investigação sobre o caso está em estágio avançado. A equipe aguarda a finalização de um laudo técnico para a conclusão do inquérito.

Ezequiel Souza, advogado da família de Jéssica Canedo, disse à Itatiaia que vai buscar informações sobre o estágio da investigação ainda nesta semana. A defesa já anunciou anteriormente que pretende buscar a condenação a ‘Choquei’ pelos crimes de difamação e danos morais.

Choquei volta a publicar

Na última sexta-feira (5), a ‘Choquei’ voltou a fazer publicações nas redes sociais após ficar duas semanas sem posts. O engajamento da página caiu consideravelmente e, nos comentários dos posts, é comum referências à morte de Jéssica e frases como ‘a Choquei esqueceu’

Investigação

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais. A ocorrência foi registrada em Araguari, no Triângulo Mineiro, na última sexta-feira (22). O corpo foi submetido a exames e a corporação investiga as causas da morte. No dia 26, o delegado do caso se posicionou sobre as investigações e afirmou que será apurado se houve “algum induzimento, instigação ou auxílio a esse suicídio”.

Nesta quinta-feira (28), a Polícia Civil se pronunciou sobre o depoimento de Raphael Souza e confirmou que ele foi ouvido por “videoconferência na presença de seu advogado e prestou declarações ao delegado que preside a investigação”. Além disso, informou que a corporação “salienta que adota todos os esforços necessários à elucidação do caso e outras informações serão prestadas em momento oportuno para resguardar a família e não comprometer os trabalhos de polícia judiciária”.

Relembre o caso

A mineira Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, tirou a própria vida no dia 22 de dezembro depois de ser apontada como suposto affair do humorista Whindersson Nunes. A informação, no entanto, era falsa.

No início daquela semana, perfis de redes sociais - entre eles o Choquei - publicaram prints de supostas conversas entre Whindersson Nunes e Jéssica Canedo. Nas mensagens, um homem flertava com uma mulher e a convidava para um encontro.

Os dois vieram a público desmentir a história. Whindersson afirmou que a conversa era falsa e que não conhecia Jéssica.

Jéssica Canedo também se manifestou nas redes sociais. Além de apontar que os comentários direcionados a ela estavam ‘passando dos limites’, ela reforçou a falsidade das mensagens e fez um apelo: “meu único pedido é para que vocês parem e pensem nas consequências do que vocês estão fazendo”. A mãe da jovem também usou as redes sociais para fazer pedido semelhante. Pouco depois, Jéssica morreu por suicídio.

No dia 23/12, as redes sociais, o ‘Choquei’, um dos responsáveis pela divulgação da notícia falsa, se pronunciou. O comunicado, assinado por uma advogada, lamenta a morte. No entanto, afirma que o perfil ‘não cometeu qualquer irregularidade na divulgação de informações’. A nota afirma, ainda, que ‘não há responsabilidade a ser imputada pelos atos praticados, haja vista a atuação mediante boa-fé e cumprimento regular das atividades propostas’, completa.

Repercussão

Nas redes sociais, a repercussão do caso foi intensa e incluiu também o mundo político. O Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, cobrou regulamentação das redes sociais, caminho semelhante ao defendido pela Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Whindersson Nunes sugeriu a criação de uma lei com o nome de Jéssica para lidar com casos semelhantes, em que haja informações falsas divulgadas de forma massiva.

Centro de Valorização da Vida

Se você estiver passando por uma situação difícil e precisar de ajuda, ligue para o CVV (Centro de Valorização da Vida) no telefone 188. O CVV é uma entidade civil que oferece apoio voluntário, gratuito e anônimo em prol da prevenção do suicídio.

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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.