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Empresário que derrubou casa de idoso sondou ação da polícia e prefeitura sobre terreno

Dono de empresa de mineração relatou à Polícia Militar que acreditava ser dono das terras onde estavam as quatro casas que mandou derrubar

Casas foram destruídas a pedido de empresário

Um empresário disse ter sido responsável pela demolição de quatro casas em Angueretá, distrito de Curvelo, na região Central de Minas Gerais, por acreditar que era dono das terras em que as residências de famílias e de um idoso de 71 anos estavam construídas. Segundo informações da Prefeitura de Curvelo e de fontes que preferem não se identificar, o homem sondava os terrenos havia um mês.

O empresário foi identificado após a Polícia Militar encontrar, em área próxima às casas derrubadas, o maquinário utilizado para a demolição. As máquinas foram relacionadas à empresa comandada pelo homem que, então, falou com militares pelo telefone e relatou ter demandado a destruição das casas porque pensava que o terreno era dele - apesar de não ter nenhuma ordem judicial.

O prefeito de Curvelo, Luiz Paulo, relatou à Itatiaia que conheceu o empresário há um mês, quando foi procurado por ele. “Ele me procurou na prefeitura há trinta dias falando que queria ajudar Angueretá. Que era um empresário, que queria mudar a realidade daqui, que ele já venceu na vida e que estava mudando para cá para tentar contribuir com a comunidade. Naquele momento, eu acreditei nele”, relembrou sobre o encontro.

Ainda, fontes que preferem não se identificar, revelaram que a polícia foi procurada pelo empresário no mesmo período. O homem buscava informações sobre o número de viaturas que circulavam pelo distrito de Angueretá, além de também ter questionado militares sobre o tempo de espera para a chegada de uma viatura após o acionamento.

Uma das casas destruídas era de Valdevir Gomes, um idoso de 71 anos, retirado do local por quatro homens que comandavam duas máquinas e destruíram a residência, apesar de não estarem em posse de nenhum documento que justificasse a destruição. Morador do local há mais de 20 anos, ele relatou que os postes de energia elétrica e telefonia foram os primeiros alvos da destruição.

No momento da chegada dos homens, o idoso estava sozinho em casa. “De repente, eles chegaram com a máquina e falaram comigo para sair de dentro de casa, senão eles derrubavam tudo em cima de mim. Eles falaram: ‘não engrossa não, que eu picoto você, aqui e agora’. Cortaram a energia, telefone não pegava, não tinha jeito [de se comunicar]. Pedi um colega meu para comunicar para a minha família, para a família deles, e eles vieram”, relembrou Valdevir.

“Eu fui tirando um pouquinho das coisas, o que eu dei conta de tirar, e eles foram quebrando tudo. Eu custei a tirar as coisas. Minhas pernas tudo dormentes”, contou o idoso, que confessou ter enfrentado dificuldade, já que está debilitado após ter tido uma anemia. “Eu perguntava: quem mandou derrubar? E eles falaram que foi o dono da Altivo Pedras. É muita tristeza, é muita ruindade. Quem faz um trem desses não tem coração, não.”

A empresa Altivo Pedras foi procurada pela Itatiaia, mas, até o momento da publicação desta matéria, não recebeu retorno.

Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
Maria Clara Lacerda é jornalista formada pela PUC Minas e apaixonada por contar histórias. Na Rádio de Minas desde 2021, é repórter de entretenimento, com foco em cultura pop e gastronomia.