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Marília Mendonça: avião estava ‘acima da velocidade permitida’ momentos antes de tentar pousar

Conclusão faz parte do inquérito de 274 páginas da Polícia Civil; pilotos foram considerados negligentes e imprudentes

Avião estava ‘acima da velocidade permitida’ momentos antes de tentar pousar

O inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) sobre a queda do avião que matou a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas, em 5 de novembro de 2021, em Caratinga, na região mineira do Vale do Rio Doce, concluiu que o avião estava ‘acima da velocidade permitida’ momentos antes de tentar pousar.

A informação foi confirmada nesta quarta-feira (4) durante coletiva de imprensa em Ipatinga, no Vale do Aço, da qual participaram os delegados Gilmar Alves Ferreira, Ivan Lopes Sales e Sávio Assis Machado Moraes, além do inspetor Whesley Adriano Lopes Data.

“Eles ultrapassaram a velocidade e descumpriram o que dizia o manual e cabia a eles observar os riscos”, detalha a PC que concluiu, também, que qualquer hipótese de atentado, mal súbito dos pilotos e problemas técnicos na aeronave.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu que avião de Marília Mendonça bateu em torres não sinalizadas, mas avaliação errada do piloto na hora do pouso pode ter contribuído para o acidente que matou cinco pessoas. As conclusões foram divulgadas em maio deste ano.

O inquérito durou quase dois anos e, de acordo com a PC, o tempo foi necessário para descartar as várias possibilidades do acidente. Apesar das investigações da polícia e do Cenipa serem independentes, elas se complementam.

“Nós aguardamos o laudo do Cenipa para descartar problemas na aeronave e ficou comprovado que não houve problema técnico na aeronave. Já o IML descartou qualquer problema como mal súbito. Um atentado também foi descartado, ficando comprovado que houve negligência e imprudência dos pilotos, o que gerou a queda.”

O crime ambiental também foi descartado durante as investigações já que não houve prejuízos à fauna e flora locais, devido ao derramamento de combustível após a queda da aeronave.

“Possível crime ambiental foi descartado já que o combustível não causou a morte de peixes, não poluiu o curso d'água e nem degradou a vegetação no entorno.”

Arquivamento

A Polícia Civil vai sugerir ao Ministério Público ao arquivamento do processo, já que os pilotos morreram no acidente o que, portanto, extingue a punibilidade. No inquérito, de 275 páginas, a PC destaca a experiência do piloto, com mais de 30 anos de voo, mas esclarece que ele não conhecia o aeroporto de Caratinga.

O que aconteceu

Uma aeronave de pequeno porte caiu em uma cachoeira de Piedade de Caratinga, próximo ao acesso da BR-474, na região do Vale do Rio Doce, no dia 5 de novembro de 2021.

Horas depois do acidente, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou que Marília Mendonça estava entre as vítimas fatais. Morreram o produtor da cantora, Henrique Ribeiro, e seu tio Abiceli Silveira Dias Filho, além do piloto e o co-piloto.

Aeronave atingiu cabos de energia não sinalizados

Em maio deste ano, o Centro de Investigação de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apresentou o relatório final do incidente e concluiu que não houve falhas humanas nem no avião.

A PC esclarece que a torre estava fora do local considerado de risco e o fato de não estar, na época, sinalizada não tira a responsabilidade dos pilotos pelo acidente.

“Os pilotos se chocaram contra a torre não sinalizada. Isso pode ter prejudicado a visão dos pilotos, mas era não obrigatório que elas estivem sinalizadas. Era um dever do piloto ter feito a análise, havia mapas que mostravam a existência da torre”, disse a polícia.

Jornalista graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2005. Atua como repórter de cidades na Rádio Itatiaia desde 2022
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.