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Polícia Civil investiga agência de Santa Luzia suspeita de vender carros e não entregar

Itatiaia apurou que há mais de vinte processos contra a empresa em andamento no TJMG; empresa nega irregularidades

Dezenas de clientes denunciam empresa de Santa Luzia

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investiga a agência CredCar Automóveis, de Santa Luzia, na Grande BH, acusada por clientes de vender carros, não entregar e ficar com o dinheiro dos compradores. A Itatiaia apurou que há mais de vinte processos contra a empresa em andamento no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), além de dezenas de queixas no site Reclame Aqui. O proprietário da empresa nega.

Conforme os processos, a CredCar Automóveis posta anúncios pelo Marketing do Facebook, o cliente entra em contato e é convidado a ir à loja fechar o negócio. Ele escolhe o veículo, dá uma entrada e assina o contrato de financiamento, com a promessa de entrega do carro em até 30 dias. No entanto, segundo os clientes alegam, o contrato não é cumprido, e os compradores ficam sem os veículos e com o valor do financiamento para quitar.

Em nota, a Polícia Civil afirma que instaurou procedimento investigativo “para apurar se a empresa citada praticou um possível crime de estelionato em desfavor de seus clientes.” E continua: “crime de estelionato é de ação penal pública condicionada à representação das vítimas para a instauração de inquérito, por isso, a PCMG orienta que todo cidadão lesado pela empresa procure uma delegacia de polícia mais próxima de sua residência para a devida representação criminal e a apresentação de provas e/ou documentos que possam subsidiar a investigação.”

Processos

Em um dos processos contra a CredCar Automóveis na Justiça de Minas, uma cliente relatou que foi abordada por um vendedor da empresa após visualizar o anúncio no Facebook. O funcionário ofereceu um modelo Ford Ka, ano 2006, mas ela gostou de um Gol, 2005, após receber fotos pelo WhatsApp.

“Na loja da ré, prepostos informaram à autora que, em 30 dias após assinatura do contrato e pagamento da entrada, a autora poderia ver e retirar o veículo comprado. Enganada, acreditando na boa-fé da ré, a autora assinou o contrato em que estariam descritas as condições pactuadas presencialmente com os prepostos da ré, dentro da loja física. Passados os 30 dias prometidos para entrega do veículo contratado, a autora, ao solicitar providências, começou a perceber que havia sido vítima de um golpe”, descreve trecho da ação.

Palio

Em outro processo, um cliente explicou que fechou contrato para aquisição de um Fiat Palio 2008, pelo valor de R$ 16 mil, sendo R$ 1.150 de entrada e parcelas de R$ 466,66, mas não recebeu o bem.

“Nesse período, o requerente pagou a primeira parcela no dia do vencimento. Contudo, após os 32 dias, a parte ré não entregou o veículo. E informou ao requerente que somente seria entregue o veículo após o pagamento de 1 a 50% (um a cinquenta porcento) do valor do veículo, descumprindo com o acordado verbalmente.”

Segue o texto da ação: “o requerente tentou contato inúmeras vezes com a requerida, sobre a entrega do bem ou rescisão do contrato, contudo, sem êxito. Não obstante, o requerente tomou conhecimento que a empresa ré operava golpe no mercado, em desespero total, fez pesquisas na internet e verificou alguns comunicados de pessoas que afirmam serem vítimas da mesma empresa, relatando os mesmos fatos anunciados pelo autor.”

O juiz responsável pelo caso concedeu liminar determinando a suspensão da cobrança das parcelas.

Outro lado

Apesar das reclamações e dos processos, Jonatas Henrique, proprietário da agência, nega irregularidades e diz que a liberação dos carros ocorre somente após avaliar o grau de risco do negócio com cada cliente.

“Quando o cliente chega, a gente passa a ficha dele para ver se ele se encaixa em algum financiamento bancário. Se não for o caso, a empresa faz a proposta de empréstimo, com base no veículo que ele quer. Só que a gente frisa que, para o comprador retirar o veículo de imediato, ele tem de pagar o percentual de 50% do valor”, diz.

Jonatas explicou, ainda, que a avaliação é individual e considera vários fatores, como valor da entrada e do carro desejado. “Tem cliente que quer um carro de R$ 10 mil e dá uma entrada de mil. Então, fica fácil faturar. Mas também tenho cliente que quer carro de R$ 50 mil, mas tem uma entrada de mil. Vai retirar o veículo? Vai, mas tenho que fazer a análise para verificar o grau de risco, percentual de pagamento, para depois fazer a entrega”, afirma.

O proprietário destacou, ainda, que considera o percentual de reclamações pequeno, uma vez que fecha média de vinte contratos por dia em apenas uma modalidade de empréstimo.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.