A família da jovem de 22 anos estuprada após voltar de um show de pagode ainda tenta entender por que o motorista de aplicativo a deixou na calçada, no último domingo (30), no bairro Santo André, região Noroeste de Belo Horizonte. Em entrevista à Itatiaia, a irmã da vítima contou que o interfone do prédio estava com problema.
Imagens de câmeras de segurança mostram o motorista de app tocando no apartamento mais de uma vez. Sem resposta, ele e um motociclista que passava pela rua deixaram a jovem na calçada. Pouco tempo depois, um homem passa e leva a vítima nas costas até um campo onde ela foi estuprada.
“O interfone está com uma placa (avisando que) não está funcionando. E se ele apertou o botão e não fez barulho, qualquer pessoa sabe quando você aperta um interfone e ele não faz barulho é porque não está funcionando” disse a irmã da vítima. Chamasse a polícia ou levasse para o (hospital) Odilon Behrens, que está a 200 metros da casa da minha irmã”, completou.
A Itatiaia procurou a Polícia Civil para saber se o motorista e o motociclista foram ouvidos, o que não tinha ocorrido até essa segunda-feira (31).
A Itatiaia também procurou a 99 ainda na segunda-feira (31), mas a empresa de transporte por aplicativo não respondeu.
“A coisa que eu mais quero na minha vida é que ele apareça, que ele explique o que aconteceu com a minha irmã. Por que ele colocou a minha irmã como saco de lixo na porta da casa? Por que ele não entrou em contato com a pessoa que pediu a corrida?”, indagou.
Samu
A irmã também reclama do atendimento prestado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) quando a jovem foi encontrada no campo do Grêmio Mineiro, por volta das 7h da manhã de domingo (30).
“Não prestou atendimento adequado para minha irmã. Uma pessoa chamou o Samu, minha irmã estava deitada no meio da terra, seminua. A atendente do Samu não chegou nem próximo da minha irmã. Chamou ela de longe, minha irmã acordou assustada sem saber onde estava. Ela perguntou a minha irmã se ela queria atendimento pra levar para o hospital. Minha irmã pediu para ir pra casa e entrar em contato com os irmãos, ela falou que não poderia entrar em contato com os irmãos, que a única coisa que podia fazer era levar ela para a unidade de saúde. Mesmo assim, ela não levou. Nenhum ser humano merecia passar o que a minha irmã passou”, disse.
A Itatiaia procurou o Samu e aguarda retorno
Prisão mantida
Nessa terça-feira (1ª), a juíza Juliana Beretta manteve a prisão do principal suspeito de estuprar a jovem. A decisão foi tomada durante audiência de custódia. A magistrada também decretou sigilo de Justiça do caso. “Depois desses dias todos de muita tristeza, tô muito feliz de saber que ele vai continuar (preso)”, disse a irmã.
Confira linha do tempo
02:46: A vítima embarcou no carro de aplicativo, desacompanhada, em direção à sua residência. O trajeto da corrida foi compartilhado com o irmão da vítima jovem;
03:00: O veículo de transporte por aplicativo estacionou em frente a casa da vítima. O condutor desceu do carro e teria tentado acionar o interfone do prédio. Aparentemente, ele tentou realizar ligações;
03:10: O motorista chama um indivíduo que passava pela rua, os dois retiram a vítima desmaiada do banco de trás e a deitam na calçada. Depois disso, o motorista tentou chamar alguém pelo interfone;
03:17: O motorista deixa a jovem sozinha e segue caminho;
03:22: Um homem magro, de estatura mediana, trajando bermuda jeans clara, blusa escura se aproxima da vítima;
03:24: O homem coloca mulher em seu ombro, carregando-a sentido à rua Garças e, seguindo para o campo de futebol Grêmio Mineiro;
07:07: Suspeito deixa o local sozinho.