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Santa Casa realiza seu 100º transplante de coração: ‘corrida de esperança’

O paciente Laudicélio conta sua história e equipe médica comemora sucesso e referência do hospital, que é 100% SUS

Laudicélio passou por um transplante bem sucedido e já teve alta, nesta quinta-feira

A Santa Casa de Belo Horizonte realizou, em junho, o 100º transplante de coração desde que a instituição começou a realizar as operações cardíacas, em 2019. Somente em 2022, já foram realizados 328 transplantes de órgãos, número que fez com que o hospital, que funciona 100% como SUS, fosse colocado no primeiro lugar em números de transplantes em Minas Gerais.

O paciente do centésimo transplante cardíaco foi o Sr. Laudicélio, que foi internado em junho no hospital com miocardiopatia dilatada e idiopática, condição que acontece quando o coração dilata e causa insuficiência cardíaca. Ele recebeu alta e ficou em casa por um tempo, mas, com a piora, voltou para o hospital e ouviu que só poderia ter alta depois do transplante.

Equipe médica e paciente se emocionaram com a cirurgia bem sucedida, já que o transplante de órgãos depende de uma série de acontecimentos: é preciso que a família de alguém que tenha tido uma morte encefálica concorde com a doação. Depois, é necessário que aquele órgão seja compatível com o paciente, que muitas vezes aguarda meses ou anos na fila.

“Quando a gente conhece um caso como do Laudicélio, a gente começa uma corrida de esperança. Precisa contar com o paciente em morte encefálico, e que uma família num ato de amor e solidariedade, possa fazer oração de órgãos, e, além disso, com a compatibilidade viabilidade do órgão poder ajudar quem está precisando”, relata o cirurgião geral Lucas Timm.

O cardiologista que tratou de Laudicélio, Silvio Amadeu, também destaca a importância da doação de órgão e lembra da luta pela vida que pacientes que dependem do transplante travam enquanto aguardam na fila.

“Não existe transplante sem que ocorram as doações, e o tempo do paciente é relativamente curto. Esse tempo pode ser muito sofrido, e muito arriscado para os pacientes. Quanto menos o paciente tenha que esperar até o transplante poder ser feito melhor”, afirma o médico cardiologista Silvio Amadeu, que participou do procedimento.

O procedimento teve duração de quatro horas e foi realizado pela equipe de transplante cardíaco. O paciente teve alta nesta quinta-feira e se recupera bem.

‘Vibrei como um gol do cruzeiro’

Cruzeirense, Laudicélio ri quando conta sua reação ao receber a notícia que passaria pelo transplante: “Eu fiquei feliz, até vibrei como se fosse um gol do Cruzeiro”.

Acompanhado da família, o paciente se emocionou ao relembrar sua luta. Ele conta que chegou um momento que não conseguia mais andar e ficava só deitado na cama, sentindo dor, vomitando e tossindo. Ele chegou a se despedir da mãe, acreditando que não sobreviveria:

“Só seria possível melhorar perante transplante. A gente sabe que tem que ficar na fila, mas a gente não sabia qual posição que eu ia ficar na fila. Tive muito medo, eu não estava aguentando nem andar dentro de casa mais. Eu cheguei a pensar que eu não chegaria nem 2024, foi uma dor muito grande para a minha mãe. Ela começou a chorar, eu achei que não iria conseguir”, relata emocionado.

Santa Casa é referência

A Santa Casa de Belo Horizonte é o maior hospital transplantador de órgãos, tecidos e células de Minas Gerais. Os transplantes de coração só começaram a ser feitos no hospital em 2019, mas a pandemia da Covid-19 abalou as operações.

“Em pouco mais de quatro anos a Santa Casa já fez 100 transplantes. Lembrando que a gente teve nesse período uma pandemia assombrosa, que limitou muito o número de procedimentos, inclusive dos transplantes. Conseguir fazer cem transplantes num período tão curto, em que a gente teve a infelicidade de ter uma pandemia longa e grave, realmente é um feito notável da Santa Casa. Os resultados sempre foram bons desde o início e a equipe vence aprimorando e a instituição também vem é evoluindo, e a gente tem tido é condição de fazer mais transplantes e cada vez com resultados melhores”, comemora o cardiologista Silvio Amadeu