Leite, carne, ovo, legumes... você sabe quais são os itens de uma Cesta Básica? Antes de tudo, é importante dizer que cesta básica não é só aquele kit de alimentos que os supermercados vendem. A Cesta Básica é, também, uma lista de alimentos definida por lei, há mais de 80 anos, e que pode mostrar quanto vale nosso dinheiro e o que ele consegue comprar.
Com ajuda do Ipead, Instituto de Pesquisas Econômicas ligado à UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) que acompanha o custo da Cesta Básica em Belo Horizonte há quase 30 anos, a Itatiaia preparou um dossiê sobre o que compõe a Cesta, como ela foi criada e a variação de preços ao longo dos anos.
A Cesta Básica foi criada quando?
A Cesta básica é um conjunto de produtos definidos há mais de 80 anos por um decreto presidencial. Em 30 de abril de 1938, o então presidente Getúlio Vargas assinou o decreto-lei nº 399, que definiu o salário mínimo como a “remuneração devida ao trabalhador adulto, sem distinção de sexo, capaz de satisfazer suas necessidades de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte”.
O mesmo decreto “criou” a cesta básica, definindo os 13 itens essenciais para a alimentação de uma pessoa adulta durante um mês.
Quais são os itens da Cesta básica?
Itens da cesta básica:
Chã de dentro (7kg)
Leite pasteurizado (7,5L)
Feijão carioquinha (4,5 kg)
Arroz (3kg)
Farinha de trigo (1,5kg)
Batata inglesa (6kg)
Tomate Santa Cruz (9kg)
Pão francês (6kg)
Café moído (600g)
Banana caturra (12kg)
Açúcar cristal (3kg)
Óleo de soja (1L)
Manteiga (750g)
Renato Silva, superintendente da fundação Fundação Ipead - instituição vinculada à Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG - conta que os itens da cesta básica foram mudando ao longo dos anos, junto com as demandas da sociedade. O leite natural, por exemplo, acabou sendo trocado pelo leite pasteurizado.
Os itens da Cesta básica são os mesmos em todo o país?
Não, os itens da Cesta Básica variam de acordo com a região do país. A cesta da imagem acima, por exemplo, vale para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal.
Há outros dois tipos de cestas básicas, um para os estados do Norte e Nordeste e um outro para os estados do Sul e alguns do Centro-Oeste.
Pelo decreto, o peso de cada um desses produtos varia por estado. Por exemplo: a cesta básica do Sul possui mais carne do que a do Norte. Os produtos também poderiam ser trocados por outros similares. Uma sugestão do decreto é a troca do café em pó pelo chá mate, comum nos estados mais ao Sul do país.
Qual é o custo da Cesta básica?
O custo da Cesta Básica é diferente em cada parte do país, e muda também ao longo dos meses e dos anos. Por isso, diversos institutos de pesquisa acompanham o índice, como o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e o Ipead.
O decreto-lei 399 também determina que “a parcela do salário mínimo correspondente aos gastos com alimentação não pode ter valor inferior ao custo da Cesta Básica Nacional”.
Mas a pesquisa do Ipead mostra que isso não foi seguido ao longo dos anos.
Desde o início do Plano Real, em junho de 1994, a cesta básica em BH já custou mais que um salário mínimo em dois momentos. Em outras oito pesquisas, o kit de alimentos custou mais que 90% do ordenado mínimo do trabalhador.
Por que é importante pesquisar o custo da Cesta básica?
Publicada desde junho de 1994, a pesquisa do custo da cesta básica em Belo Horizonte é um dos trabalhos mais conhecidos do Ipead. A pesquisa foi criada para acompanhar o custo dos itens básicos de alimentação e também o poder de compra do trabalhador. Para Renato Silveira, os resultados obtidos por essas pesquisas são a grande motivação para o Ipead seguir neste trabalho.
“Acompanhar o preço da alimentação é o principal instrumento para construir melhores políticas de segurança alimentar. Temos informações de que o Governo Federal já tomou decisões a partir de acompanhamentos profissionais, como o Ipead.”
Além de ser útil ao Poder Público, a pesquisa do custo da cesta básica também é usada por sindicatos, pela imprensa e pelo público em geral, que pode acompanhar a evolução nos preços e avaliar o seu poder de compra. Para conferir o histórico de preço da cesta básica em BH, acesse o site do Ipead.
O que é o Ipead?
Completando 75 anos nesta quinta-feira (1º), a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead) é uma fundação de apoio à Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. O superintendente do Ipead, Renato Silveira dá detalhes sobre o papel da fundação.
“O Ipead é referência nacional em pesquisa aplicada, gestão de projetos e outras ações. Além de apoiar a UFMG, também prestamos serviços e consultoria com objetivo científico ou profissional.”
Além de avaliar o custo da Cesta Básica em BH, o Ipead também faz levantamentos sobre o mercado imobiliário da capital mineira, custos do material escolar, destino do 13º salário e muitos outros itens que afetam diretamente o dia a dia do belorizontino.