A Prefeitura de Belo Horizonte definiu que vai fazer um bairro na área do aeroporto Carlos Prates, no bairro Padre Eustáquio, região Noroeste da capital. O próximo passo será apresentar o pré-projeto ao governo Lula para aprovação e transferência definitiva da posse do terreno, que tem quase 547 mil metros quadrados, para o município. Os moradores do bairro não aprovaram o projeto.
A moradora Diva Maria Lopes Costa, 68 anos, é aposentada e mora a poucos metros da entrada principal do aeroporto. Para ela, a construção de casas vai trazer um transtorno para quem mora no local.
“Na minha opinião, o que valia mesmo era o aeroporto. Não me incomodava em nada. Essas casas vão trazer um transtorno grave aqui para gente, em questão de segurança, porque a prefeitura não vai dar conta de fazer isso e vai acontecer invasão. Como sempre acontece nos lugares. Com o aeroporto aqui temos segurança e emprego. Milhares de pessoas ficaram desempregadas. No meu caso, que entrego as marmitas para ajudar no orçamento, diminuiu bastante. O volume de marmita agora caiu muito.”
Opinião parecida tem o mecânico Ronaldo Santos, 65 anos, que há mais de 30 anos vive no bairro Padre Eustáquio.
“Acho um desperdício uma área enorme e valiosa que nem essa se tornar moradia, sendo que já tem o aeroporto onde forma pilotos, mecânicos e vários empregos. Eu acho uma grande tristeza. “
O empresário Robson Fabiano Cruz, 52 anos, pondera e acha que a decisão para construção das casas deveria ser melhor estudada pela prefeitura.
“A ideia tem que ser estudada. A minha opinião é que a prefeitura tem que preocupar com outras coisas, tais como trânsito e deslocamento. Porque não adianta só fazer casas e não dar condições das pessoas se deslocarem. Eu tô na rua paralela aqui, a Pará de Minas, e durante 17h e 19h, não tem como você sair com o carro da garagem de tanto carro que passa e vai fazer mais moradia?”
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O executivo quer utilizar a área de 547 mil metros quadrados para construir cerca de 2 mil moradias, uma escola municipal de educação infantil (Emei), uma escola municipal de ensino fundamental (Emef), um centro de saúde, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), parques, praças, ciclovias, centro esportivo com quadras e campos, espaços para comércio, além da preservação do parque já instalado no local.
“É uma área que está sendo bem pensada para ser um bairro de ponta”, afirma Lidia Vasconcellos, assessora especial que cuida do projeto na prefeitura.