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Ex-prefeita de Santa Luzia vai a júri popular por assassinato de jornalista; relembre o crime

Além da ex-prefeita Roseli Ferreira Pimentel, outros sete acusados também serão julgados pelo crime

Roseli foi prefeita de Santa Luzia de 2014 a 2016, quando foi reeleita, mas renunciou o segundo mandato após denúncias

Ex-prefeita de Santa Luzia, Roseli Ferreira Pimentel irá a júri popular na próxima segunda-feira (8) pelo assassinato do jornalista e dono do jornal O Grito, Maurício Campos Rosa, ocorrido em agosto 2016. Ela é acusada de ter encomendado e financiado a morte do repórter.

Além da ex-prefeita, outras sete pessoas também serão julgadas pelo crime. Conforme as investigações, Roseli teria usado R$20 mil dos cofres públicos para pagar os suspeitos de matar Maurício Campos Rosa com sete tiros.

Segundo testemunhas, o jornalista vinha favorecendo a eleição da chapa de Roseli em seu jornal. Os exemplares eram distribuídos nos comitês eleitorais da candidatura por um pagamento de R$100 mil feito pela chapa.

Maurício, entretanto, teria exigido um pagamento extra da prefeita a fim de não divulgar irregularidades que havia descobertos na corrida eleitoral. Ele fez ameaças de passar para a oposição e de tornar público desvios de verba realizados pela prefeita. Segundo as investigações da Polícia Civil, cerca de R$80 mil teriam sido desviados da saúde municipal para pagar o aluguel da casa de Roseli.

Roseli Pimentel passou a ser suspeita do crime depois que funcionários da prefeitura denunciaram a polícia que os pertences do jornalista morto teriam sido levados ao gabinete da prefeita. Além disso, documentos encontrados no computador da vítima revelavam a ameaças e negociações feitas com a chefe do executivo de Santa Luzia.

Renúncia e outras denúncias

Em 2017, Roseli foi presa preventivamente e, logo depois, recebeu um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça, que determinou que ela usasse tornozeleira eletrônica.

Entre 2017 e 2018, a chapa da prefeita foi condenada por irregularidades em financiamento de campanha. Roseli foi afastada do cargo e a Câmara de Vereadores de Santa Luzia abriu um processo de cassação do mandato. A ação foi extinta em maio de 2018, quando Roseli renunciou ao cargo.

Roseli já havia sido denunciada e teve o primeiro mandato cassado em dezembro de 2016, meses antes de assumir o segundo mandato como prefeita. Na época, ela tinha sido denunciada pelo candidato adversário, Delegado Cristiano Xavier (PSD), suspeita de abuso de poder político e econômico.

Segundo as denúncias, Roseli havia enviado mensagens para os diretores de escolas municipais e pedido que eles influenciassem pais de alunos durante as eleições. Na época, Roseli e o vice-prefeito, Fernando César, foram declarados inelegíveis por oito anos e condenados a pagar multa de R$ 15 mil, mas recorreram à decisão. Desta forma, Roseli continuou no cargo devido a uma liminar.

Outros acusados

Além da prefeita e professora Roseli Ferreira Pimentel, outras sete pessoas serão julgadas pelo júri. Entre elas, estão acusados de terem executado o crime, contratado os executores, além de uma servidora que teria auxiliado a prefeita a desviar dinheiro público para pagar pelo assassinato.

Os acusados são:

  • Paulo César Florindo de Almeira - acusado de ter matado a vítima com sete tiros de arma de fogo.

  • Gustavo Sérgio Soares Dias - acusado de ter conduzido o veículo que levou o executor até o local do crime.

  • David Santos de Lima - acusado de ter rastreado e perseguido da vítima no dia do crime, além de ser o responsável pelo desaparecimento do carro usado.

  • Mônica Maria Lara Augusto Rocha - servidora da prefeitura de Santa Luzia, é acusada de ter auxiliado a prefeita no desvio de R$20 mil para pagar os executores do homicídio.

  • Antônio Ferreira de Souza - locador do imóvel onde funciona o Posto de Saúde do distrito de São Benedito, em Santa Luzia. Os R$20 mil desviados foram transferidos para a conta pessoal dele, sob justificativa de um “equívoco” nos depósitos de verbas.

  • Alessandro de Oliveira Souza - conhecido como Leleca, é filho de Antônio Ferreira de Souza e funcionário de confiança da prefeita. Ele é acusado de ter contratado os executores do crime e seria amante de Paulo César.

  • Giovania Monalisa Costa Araújo - acusada de ter divulgado, indevidamente, conteúdo sigiloso das investigações. Giovania integrava o quadro de pessoal do município de Santa Luzia na época do crime e atuou como advogada de Alessandro.