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BH: empresas de ônibus citam inflação e defendem subsídios para conter alta das passagens

Representante da categoria afirma que prefeitura precisa oferecer um auxílio tarifa, assim como é feito nas principais cidades do país e do mundo

O presidente executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), Raul Lycurgo Leite, defendeu a aprovação de um subsídio para conter o valor das passagens de ônibus na capital mineira. O posicionamento ocorre um dia após a prefeitura anunciar o aumento da tarifa municipal de R$ 4,50 para R$ 6.

Em entrevista ao programa Plantão da Cidade, Leite ressaltou que as passagens não eram reajustadas desde 2018, contrariando o contrato, que define um reajuste anual com base na inflação. O representante das empresas explica que não é possível arcar com os custos da operação do transporte sem a correção da tarifa.

“Um ônibus custava R$ 350 mil em 2018, agora já é no mínimo R$ 760 mil. Todos os custos aumentaram e as tarifas ficaram congeladas.”

Leite explica que, apesar da passagem passar de R$ 4,50 para R$ 6, a tarifa média do transporte público em BH é de cerca de R$ 3,20 (levando em conta as gratuidades e benefícios). Com os 23 milhões de passageiros mensais, as passagens de ônibus geram um faturamento de R$ 72 milhões que, segundo ele, só são suficientes para custear combustível e salário dos trabalhadores.

“Gastamos R$ 30 milhões com diesel, sobrando R$ 43 milhões que são quase todos usados com mão de obra. Como vamos comprar ônibus, consertar os veículos depredados, renovar frota, fazer manutenção?”

Subsídio e nova lei

O representante das empresas de ônibus aproveitou a entrevista para defender a lei sancionada em março pelo prefeito Fuad Noman (PSD). O projeto altera a remuneração das empresas, que deixarão de receber por viagem e vão ser pagas por quilômetro rodado. Leite afirma que a lei é “inteligente”, mas que não adianta colocar mais ônibus nas ruas sem espaço para eles rodarem.

“No horário de pico os ônibus ficam parados em fila indiana, porque boa parte das vias não tem preferência. Não adianta botar mais veículos para eles ficarem parados.”

Leite esclareceu que o subsídio defendido pelas empresas não é uma ajuda financeira para as empresas, mas sim um auxílio tarifa para os moradores da capital mineira. Ele ainda disse que não é correto comparar a tarifa de BH com a de outras capitais e afirmou que é preciso entender que muitas cidades com tarifas menores oferecem subsídios para isso.

“Não dá para comparar Brasília e São Paulo com BH, essas duas cidades pagam subsídios bilionários para que a passagem seja mais barata. Com esses R$ 500 milhões de auxílio, a prefeitura tá dizendo ‘vou aportar para manter a tarifa mais baixa’.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
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