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‘Cocaína preta’: perito da Polícia Civil detalha droga que escapa até de cães farejadores

Polícia Civil de Minas ainda não registra apreensão, mas acompanha casos no Brasil

Versão preta da cocaína não tem cheiro

A Polícia Civil de Minas acompanha casos de apreensão de ‘cocaína preta’ no Brasil. A droga escura é uma mistura da pasta-base com outras resinas e substâncias, modificadas quimicamente, e não apresenta cheiro. O perito Pablo Alves Marinho, do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais, conversou com a Itatiaia sobre a droga.

O perito explica que a cocaína preta não é vendida e nem consumida na coloração escura. Originalmente ela é branca, mas produtos químicos são adicionados para dificultar a identificação da droga em operações policiais.

“A diferença é que na cocaína preta eles colocam produtos químicos para enegrecer a droga e tornar mais difícil a detecção pelos cães farejadores e até pelos testes de cor. São substâncias como carvão, resinas e pigmentos que vão modificar o aspecto da droga. A finalidade de tornar a droga escura é, meramente, dificultar a identificação”, diz o perito.

Pablo explica que a mudança na cor da cocaína é uma tática usada especialmente pelo tráfico internacional e interestadual de drogas. “A tendência é que ela tenha concentrações maiores de cocaína e, por isso, o preço muitas vezes é mais elevado do que a cocaína tradicional”, disse.

Apesar da dificuldade para ser encontrada, o perito garante que há mecanismos para confirmar a presença da droga. “Ela é facilmente identificada nos laboratórios de química forense pelos peritos criminais, utilizando equipamentos que têm uma elevada especificidade para detectar esse tipo de substância. Há a dificuldade para detectar a droga em testes de campo”, reforçou.

Teor

O perito reforça que, em termos de riscos tóxicos para os usuários, a chamada ‘cocaína preta’ pode ser mais forte. “Muitas vezes é uma diferença no teor. O da cocaína preta é mais elevado, o que irá provocar efeitos tóxicos de maior intensidade nos usuários”, alerta o perito.

Após ser transportada na cor preta, a cocaína passa por novo procedimento químico e volta a ser branca, para ser comercializada.

Peruano e Açaí

Em maio de 2022, a Polícia Federal (PF) apreendeu 13 quilos de cocaína preta, no Aeroporto de Brasília. A droga estava com um peruano, preso em flagrante quando pretendia embarcar com a cocaína para Lisboa, Portugal.

Dois meses antes, a Polícia Civil do Rio Grande Sul apreendeu, pela primeira vez, cocaína preta no Estado. A droga estava escondida em pacotes de açaí em pó e foi encontrado na cidade de Novo Hamburgo.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.