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Estudantes que passaram 48h no Rei do Pastel comemoram sucesso e dizem que fariam tudo de novo

Trio passou dois dias num bar, sem direito a sono ou banho, e reuniu centenas de amigos e apoiadores

Diogo, Lucas e Dudu receberam uma placa do dono do Rei do Pastel e apoio de dezenas de pessoas e empresas

Apesar do cansaço, do estômago revirado e de uma certa ‘irritabilidade’ pela privação de sono, os amigos Lucas Chelala, Diogo Neiss e Eduardo Álvares, de 22 anos, dizem que fariam “tudo de novo”. Os três estudantes cumpriram, com direito a troféu e placa de reconhecimento e patrocínio de grandes marcas como Red Bull, Skol Beats e Ambev, o inusitado desafio de passar 48 horas em um bar, experimentando todas as opções gastronômicas e etílicas do cardápio, sem direito a “escapadinhas”, exceto para ir ao banheiro para necessidades fisiológicas. Banho? Nem pensar.

A ideia surgiu quando souberam que um outro grupo já havia passado 24 horas no mesmo bar, que é um dos points mais tradicionais da capital mineira: o Rei do Pastel. “Os caras criaram uma página no Twitter e documentaram a jornada por meio de vídeos, fotos e tweets com comentários sobre os petiscos e pratos principais. A gente pirou nessa ideia e aí pensamos em bater o recorde, duplicando o desafio”, contou Lucas, que cursa o 5º período de Ciências do Estado na UFMG e faz estágio na área.

O trio, então, reuniu um grupo de amigos que topou participar da brincadeira e se revezar na “cobertura” do evento. A ideia foi previamente divulgada nas redes sociais e tomou uma proporção que eles não imaginavam. Pouco depois de criada, a página do evento no Instagram já tinha três mil seguidores, com direito a depósito no Pix para “ajuda de custos”. Muita gente que achou a ideia “curiosa”, “diferente” ou “inusitada” se engajou e fez companhia para o trio. Cerca de 50 pessoas se ofereceram para trabalhar, voluntariamente, nos bastidores e o evento teve até um show da banda mineira “Escadacima”. “Levamos mais de 1000 pessoas para o bar. Demos muitas entrevistas, algumas para veículos de rede nacional e entramos ao vivo em dois deles. Foi muito legal”, disse Lucas.

O mais difícil

  • Lidar com as pessoas que apareciam no local pela manhã, os chamados “bebums” que estavam visivelmente alterados e drogados e que acabavam sendo bem inconvenientes.

  • Passar dois dias à base de pastel e salgadinhos. “Chegou uma hora que o pastel não tinha mais gosto de pastel”, disse Lucas.

  • Privação de sono. “Ficamos 56 horas acordados. Chegou uma hora em que a gente não estava mais tendo clareza de raciocínio”.

    O que aprenderam com o episódio?

  • Que jornalista trabalha muito (rsrs) “Sério, fiquei impressionado. Eles me ligavam às 4 horas da manhã”.

  • Que quando você faz algo genuíno, de acordo com sua “verdade”, por mais banal que ela seja, sempre dá certo.

Maior surpresa

  • O apoio do dono do Rei do Pastel que mandou confeccionar um troféu com o nome da gente e uma placa como nossa foto e os dizeres “Inimigos do Fim”.

  • “Os amigos que fizemos pelo caminho. Conhecemos pessoas muito legais que vão ficar na nossa vida pra sempre”, Lucas.

  • “Descobri que se você tiver bons amigos te apoiando, qualquer aventura fica fácil”, Diogo Neiss, estudante do 8º período de Ciência da Computação.

Quanto deu a conta?

“Muito baixa. Ainda não tivemos tempo de fazer as contas direito. Mas creio que vai dar uns R$ 20 pra cada um. Toda hora chegava alguém e pagava uma parte da conta ou comprava cerveja. Além disso, as doações em PIX devem quase zerar o custo da nossa brincadeira”.

Julgamento da Web

Ao mesmo tempo que recebemos muito apoio, também, fomos muito julgados, xingados e taxados de “vagabundos” entre outros adjetivos nada amáveis na Internet. Teve gente que escreveu “Desafio 48h pra capinar um lote ninguém quer, né?”. Só queria esclarecer que nós todos estudamos e trabalhamos. Só o Dudu está desempregado e ele até brincou que o seu próximo desafio será arrumar um emprego. Enfim, acho que algumas pessoas não entenderam a brincadeira.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.