Começou nesta quinta-feira (15) o julgamento de um duplo homicídio no Fórum Lafayette, no Barro Preto, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O crime aconteceu em 7 de setembro de 2011, na zona rural de Conselheiro Pena, na região do Vale do Rio Doce.
As vítimas são o fazendeiro Nezio Toledo Júnior, e o auxiliar dele, Thiago Junior Maciel. Nesta quinta-feira foram julgados dois homens acusados de serem os executores do crime. O Ministério Público apontou dois mandantes pelo crime, mas um deles foi assassinado, e o outro está foragido.
Segundo a denúncia, esses homens se juntaram, cada um com um motivo, para mandar matar a vítima. Enquanto um não conseguia comprar um pedaço de terra com a vítima, o outro tinha uma dívida com ele, e queria se livrar dela.
Os mandantes do assassinato estão ligados a uma organização criminosa conhecida como Família, que cometeu uma série de delitos na região por mais de 20 anos e foi alvo de uma grande operação em 2018. Segundo o MP, os membros eram fazendeiros, empresários, políticos, policiais militares e civis, que formavam um conselho deliberativo, que tinha o poder de tomar a decisão de matar desafetos do grupo, em uma forma muito parecida com a máfia italiana.
A advogada Raquel Toledo, irmã de Nezio Toledo Junior, deu seu depoimento e acompanhou os trabalhos do primeiro dia do julgamento.
“Tinham sido assassinadas diversas pessoas e todo mundo sabia quem eram os mandantes. Quem participava, mas ninguém tinha coragem de falar porque essa organização era muito influente. Eu desconfiava dos mandantes e à medida que foi apurando a descobrindo o envolvimento, desses policiais, de pessoas dentro do judiciário, de pessoas ligadas à política, de fazendeiros, empresários, eles praticavam também crimes de fraude a banco, roubo de carga. Eu acredito que deve se estender até amanhã. E eu estou confiante”.