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Adolescente retorna para casa e é internado com quadro de depressão

Rafael Rodrigues Acerbi, 15, desapareceu no último 30 de outubro; especialista diz que, em casos como esse, é preciso oferecer acolhimento

Rafael voltou para casa espontaneamente e foi acolhido pela família

O adolescente Rafael Rodrigues Acerbi, 15, voltou para casa cinco dias após desaparecer no bairro Piratininga, na região da Pampulha. O jovem precisou ser internado para tratamento de um quadro de depressão severa. A mãe dele, a técnica em enfermagem Amália Rodrigues, disse que Rafael estava na casa de amigos e que eles próprios ameaçaram denunciá-lo caso ele não voltasse para casa. “Ele chegou abatido, psicologicamente frágil e com os pensamentos desorganizados. Talvez por isso não tenha resistido ao tratamento”.

Amália contou também sobre o reencontro. Ela, o marido Edailton, que é motorista de ônibus, e os filhos mais velhos, Gabriel, de 23, e Letícia, de 18 anos, abraçaram muito o adolescente e disseram o quanto sentiram falta dele e o quanto ele é importante na vida da família.

A psicóloga especialista em crianças e adolescentes, Simone Lacerda, disse que a atitude da família de Rafael foi assertiva porque sentir-se acolhido é fundamental para quem está em crise. “Nós, seres humanos, somos sempre carentes de uma mensagem amorosa. Ainda mais um jovem de 15 anos que já está confuso e inseguro com tantas mudanças, nessa fase de transição para a vida adulta”.

Segundo ela, falas como “nós estamos com você” ou “nós te amamos incondicionalmente” são restaurativas e têm o poder de reconectar o jovem ao ambiente familiar.

Caso alguém passe por uma situação semelhante à vivida por Amália e Edaílton, Simone desaconselha o uso de falas acusatórias ou culpabilizantes como “por que você fez isso?” ou “Olha o estrago que você causou?” Segundo ela, se tem algo que pode dar condições para que uma pessoa se cure e lute pela própria vida é sentir-se amada incondicionalmente. “Deixem o jovem ou a pessoa amadurecer do jeito e no tempo dela”, aconselhou.

Amália disse que quer prestar mais atenção às atitudes e necessidades do filho e incentivar os irmãos a fazerem o mesmo. “Percebi o quanto o carinho e o amor são importantes para Rafael. Agradeço a todos que se preocuparam e faço um apelo aos pais: sejam mais pacientes e atenciosos com seus meninos e meninas, perguntem como foi o dia deles, procurem saber o que os aflige e deem muito amor, antes que seja tarde. Graças a Deus, vou passar o Natal com todos os meus filhos e minha família unida, mas poderia não ter sido assim”.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.