Criminosos de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, estão ameaçando toque de recolher na Favela da Minas, localizada na região de Justinópolis, em retratação ao assassinato de um traficante da região, conhecido como Gaúcho. Áudios que circulam nas redes sociais prometem colocar fogo em comércios e ônibus que estiverem funcionando durante o período declarado de “luto”.
“Se não fechar, nós vamos fechar na bala, entendeu? É luto, mano. É luto, entendeu? Igual o primo [Gaúcho] não tinha não. Agora você vai ver a patifaria que vai virar aí na parada”, diz uma pessoa em um dos áudios, chorando. “Já manda fechar é tudo aí, nós vai passar e se tiver alguma coisa aberta nós vai furar tudo, nós vai queimar ônibus, nós vai fazer o bagulho doido. Eu tô eu só o ódio, a firma toda tá só o ódio, só pitbull bravo, só nego bravo e nervoso” (sic).
Nos áudios, os criminosos também prometem não colocar fogo na favela, mas pedem que os comerciantes sigam as ordens do toque de recolher: “Eu até tremendo, nós vai reunir e nós vamos sair doido. Pode ser polícia, pode ser o que for, nós vai sacudir. Se for possível, para não tomar prejuízo, separar até as lojinha, parar as lojinha, recuar, porque vai ficar o clima estranho. Nós não vai pôr fogo aí dentro da favela, mas na borda da favela nós vai bagunçar tudo. E os comércios que tem é pra parar, e é pra respeitar o momento”. (sic).
Devido às ameaças, a Polícia Militar reforçou o policiamento na região de Justinópolis e garantiu que não haverá toque de recolher. Até o momento, segundo a PM, não houve nenhuma ocorrência na região. É o que explica o Major Ravilson, comandante da companhia 204, do 400º batalhão da Polícia Militar.
“Esses áudios realmente circularam por meio de aplicativos e são produzidos por pessoas que têm algum interesse criminoso em causar intranquilidade. A população de Justinópolis pode ficar tranquila que a polícia militar vai estar como policiamento reforçado e nós vamos ter condições de permitir com que comércio funcione nas escolas funcionem e os ônibus circulem normalmente”.
O Major também pede para que a população entre imediatamente em contato com a Polícia Militar caso se encontrem em situações de riscos ou tenham mais informações sobre os criminosos. “Qualquer informação nos acione, que temos condições de atender de imediato, no telefone 190. Se tiver informações de quem são essas pessoas, ligue 181, que é a denúncia anônima, e o anonimato é garantido”.
Entenda o caso
Um homem de 32 anos, apontado como um dos principais traficantes da Favela da Mina, na região de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, foi assassinado na manhã desta sexta-feira (28), no bairro São Bernardo, na região norte de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar, que atendeu o caso, o homem foi baleado mais de 40 vezes, sendo 16 disparos só na cabeça.
Gaúcho, como é conhecido o homem no meio do tráfico, estava em um carro alugado para passar o fim de semana com a família em Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Ele estava próximo a sua casa quando saiu na rua para buscar uma mochila e foi baleado por duas pessoas que ocupavam um carro Voyage, de cor prata.
A Guarda Civil foi a primeira força de segurança pública a chegar no local, e o guarda Márcio Siqueira deu detalhes da ocorrência.
“Nós estávamos em troca de serviço em um inspetoria na regional Norte, quando nós ouvimos disparos e seguido uma rajada, semelhante à arma de fogo. Aí nós ouvimos os gritos de uma pessoa pedindo socorro e quando chegamos para averiguar nos deparamos com o corpo caído no chão, e duas senhoras chorando. Os possíveis autores suspeitos já haviam evadido do local. Nós tomamos a providência, isolamos o local e acionamos as outras forças seguranças, o Samu, a Polícia Militar e os policiais civis”.