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‘Me senti como lixo’, desabafa faxineira agredida enquanto limpava calçada em BH

Vítima contou que não teve tempo para sequer se explicar ao suspeito, que saiu andando normalmente após a agressão

Vítima foi agredida enquanto limpava a calçada do prédio em que trabalha no bairro de Lourdes, em BH

“O sentimento é de revolta. Eu pego ônibus todo dia às 5h15 para vir trabalhar, sou paga para fazer o serviço, e chega um indivíduo te abordando como se você fosse um bandido. É muito revoltante”. O desabafo é da faxineira agredida por um homem enquanto limpava a calçada de um condomínio no bairro de Lourdes, região Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã desta sexta-feira (16).

“Estava lavando a frente da garagem, e do nada ele apareceu caminhando com o cachorro. Ele parou, começou a perguntar por que eu estava gastando água, que não poderia fazer isso, e eu tentando explicar que não faço sempre. Ele não quis me ouvir, tomou a mangueira da minha mão e começou a me sufocar jogando água no meu rosto. Tentei puxar a mangueira, mas não consegui. De repente, ele jogou a mangueira no chão e saiu caminhando como se tivesse jogado um saco de lixo no chão”, explicou a mulher.

Toda a ação foi flagrada por uma câmera de segurança. Além do impacto emocional, a vítima sofreu escoriações no joelho, e já registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar. Desolada, ela lamentou o comportamento do agressor, e lembrou que várias pessoas falam sobre o uso da água para limpeza no local.

“Muita gente, quando passa, fala sobre esse uso de água, mas nunca em tom de violência. As pessoas alertavam, e eu explicava. Agora, parecia que ele estava procurando alguém para agredir. Ele podia ter me perguntado, e eu o ouviria, mas ele não quis isso. Hoje, foi comigo, e amanhã pode ser com outras. Espero que a Justiça o puna para não fazer isso mais, tratando as pessoas como se fossem lixo”, desabafou.

A mulher trabalha no local há 17 anos, e após o caso, foi acolhida por diversos moradores de prédios da região. Ela disse nunca ter visto o suspeito, mas ouviu que ele poderia morar perto dali, e espera que ele seja localizado.

“Amanhã, pego serviço às 7h. Ele não sabe o que é isso, deve ter papai e mamãe para dar comida para ele. Não sabe o que é ver uma faxineira no passeio trabalhando, para ele isso não é nada, deve ganhar tudo de mão beijada. A consciência dele deve pesar, mas ele não quis nem saber”, completou.
Até o momento, não se sabe a identidade do homem ou se ele de fato mora no mesmo bairro.

Jornalista formado na PUC Minas. Experiência com reportagens, apresentação e edição de texto em televisão, rádio e web. Vivência em editorias de Cidades e Esportes.
Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.