A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) estudou implementar um serviço de atendimento pediátrico na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Centro-Sul, no bairro Santa Efigênia, para aliviar a sobrecarga em outras unidades e nos centros de saúde do município. A informação foi repassada à reportagem por um pediatra que atua em uma UPA da capital mineira e optou por não se identificar.
De acordo com ele, a movimentação na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para garantir a abertura de atendimento pediátrico na UPA Centro-Sul começou em junho.
Os gestores estavam montando uma equipe pediátrica do zero, com um salário mais atrativo e, a princípio, com melhores condições de trabalho. No entanto, sem uma explicação clara, o processo foi abortado.
Hoje, a cidade de Belo Horizonte vive um cenário caótico em relação à pediatria no Sistema Único de Saúde (SUS) da capital. Conforme apuração ao longo do último mês, a piora na situação é um acumulado de problemas históricos acentuados na época do ano em que o número de crianças adoecidas cresce – o inverno. O baixo número de pediatras disponíveis e o aumento na procura por atendimento para crianças na rede pública levam a jornadas exaustivas. Em apenas um fim de semana, médicos realizam cerca de 700 atendimentos pediátricos em unidades de saúde da capital.
UPA Centro-Sul
À reportagem, a PBH declarou que irá manter a estratégia já implementada “com atendimentos pediátricos aos finais de semana concentrados nas UPAs Oeste e Norte e no Hospital Odilon Behrens”. Além disso, o Executivo explicou que “a região Centro-Sul já conta com atendimento de urgência e emergência pediátrico realizado pelo Hospital João Paulo II”.
“Nenhum novo médico foi incorporado à escala”
Para o pediatra ouvido pela reportagem, há escassez de “atitudes assertivas” e um atraso de quatro meses por parte da prefeitura para a tomada delas.
Foi tentado em abril um chamamento para contratação de pediatras que, infelizmente, não surtiu nenhum efeito. No final de maio iniciou-se a efetivação dos concursados, que também não funcionou. Inclusive, foi apontado erro de estimativa do déficit de profissionais das UPAs. A prova disso é que todos os aprovados e excedentes foram chamados, e em algumas UPAs, nenhum novo profissional foi incorporado à escala.
“Tentaram contratar residentes de pediatria do terceiro ano, profissionais que estão finalizando a especialização, e também não surtiu efeito”, completou o médico.
Prefeitura responde
A PBH foi questionada sobre as informações repassadas pelo médico e, como resposta, disse que “vem ao longo dos anos se esforçando para promover melhorias na remuneração e condição de trabalho dos médicos da capital”.
A prefeitura também explicou que os médicos concursados da administração direta que possuem uma jornada de 40 horas semanais recebem, em média, mais de R$ 20,4 mil de remuneração bruta por mês.
Com o reajuste de 11,77% promovido pela negociação salarial deste ano, este valor médio aumentará para R$ 22,8 mil. Além disso, a administração municipal está realizando aumento de mais 200% no adicional de insalubridade, por exemplo. Para garantir os atendimentos da população, o município concedeu um aumento de 35% no valor dos plantões médicos extras em todas as unidades da rede SUS-BH.