Uma mulher, de 54 anos, está internada em estado grave no Hospital Metropolitano Odilon Behrens, no São Cristóvão, na Região Noroeste de Belo Horizonte, depois de fazer uma cirurgia estética na capital mineira.
O procedimento de lipoabdominoplastia foi feito na última quarta-feira (27) em uma clínica, localizada na Avenida do Contorno, Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de BH. Segundo familiares, a paciente teve um “apagão” enquanto dormia no quarto, após o procedimento.
Ela teria ficado sem sinais vitais e os médicos precisaram reanimá-la. Pela gravidade do caso, ela foi transferida ao hospital Odilon Behrens.
Familiares denunciam possíveis erros médicos, pois foram informados por profissionais da unidade de saúde que o pulmão da paciente teria sido perfurado. Ela também apresentava drenos e acesso de sangue instalados em locais incorretos.
O companheiro da vítima, o empresário André Luiz Ferreira de Souza, detalhou a situação. “Estava caminhando tudo certo. Ela fez todos os exames e a cirurgia foi marcada às 7h. Eu a aguardei no apartamento. Quando ela chegou lá, nós conversamos e ela me disse que estava com muito sono”, disse.
Ele disse que, até então, achou que o cansaço fosse normal. “Após 20 minutos, um médico apareceu no quarto pra examiná-la. Ela estava dormindo e ele disse que voltava mais tarde”, acrescentou.
Quarenta minutos depois, segundo o companheiro, a médica que a operou foi ao quarto para informá-lo que a paciente deveria ser transferida para o Centro de Terapia Intensivo (CTI).
Ele questionou se na própria unidade onde foi feita a cirurgia não havia a unidade para emergência. “Ela disse que sim, mas que na CTI (da clínica) não poderia ficar muito tempo e o caso dela era sério”, relatou.
Após a transferência, a médica do hospital Odilon Behrens disse ao companheiro o estado de saúde da paciente. “Ela me disse que, praticamente, ela está com morte encefálica”, completou.
O que diz o hospital
O advogado do hospital afirma que a unidade faz apenas a locação do espaço dos equipamentos e de toda a estrutura necessária para a cirurgias.
“Aqui é um hospital dia. A gente não tem nenhum funcionário médico, nenhum parceiro, nenhum prestador de serviço. A gente, simplesmente, faz alocação dos nossos blocos cirúrgicos. Não só do bloco, mas todo o aparato. A gente também está em dia aqui com toda a documentação sanitária municipal, estadual e federal”, disse. Além disso, ele disse que há um controle rigoroso de infecção.
Ele disse que todas as contratações são feitas diretamente com os profissionais que utilizarão do espaço. “A gente só faz a locação do hospital para esses profissionais médicos virem e fazerem a cirurgias aqui no interior do hospital dia”, acrescentou.
O que diz a médica
Por meio de nota, o representante da médica disse que a cirurgia ocorreu sem “quaisquer intercorrências.” “A cirurgia ocorreu no período da manhã do dia 27 de fevereiro, tendo terminado no mesmo dia no início da tarde, tendo a paciente, após a recuperação pós-anestésica, sido encaminhada para o quarto, quando encontrava-se bem e interagindo com a família”, disse.
Por volta das 20h, a enfermagem foi providenciar a troca do soro que havia terminado. “Nesse momento verificou-se que a paciente havia sofrido uma parada cardio-respiratória, o que foi de pronto informado aos seus familiares, tendo sido a paciente, imediatamente, submetida a protocolo de reanimação cárdio-respiratória pela Equipe de Anestesia do Hospital”, completou.
A paciente foi estabilizada e foi transferida em UTI móvel para o Hospital Odilon Behrens. Segundo a médica, ''durante todo o percurso a paciente se encontrava estável sendo preservada sua saúde, segurança e zelo.’'
Ainda de acordo com a nota, “os profissionais do Odilon Behrens já informaram que não ocorreu embolia pulmonar nem perfuração de pulmão da paciente. Informa ainda a médica que serão realizados exames complementares com objetivo de obter a causa da intercorrência que a paciente sofreu.”
Por fim, a nota disse que a médica responsável pela paciente sempre atuou com zelo com seus pacientes, preservando a saúde e bem estar como princípio básico da medicina, se encontrando à disposição para manifestações futuras, com o único objetivo de trazer a verdade dos fatos em relação ao atendimento da paciente em questão.
O que diz a PBH
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio de nota, informou que a paciente está internada e que as informações sobre o tratamento realizados são esclarecidas aos familiares durante o boletim médico, no horário de visitas.
A administração municipal informa que o prontuário médico é dado sigiloso que somente pode ser retirado pela paciente ou por um representante legal.
A prefeitura encerra a nota dizendo que o hospital onde foi realizada a cirurgia possui alvará sanitário e que está em processo de renovação.
Conselho Regional de Medicina (CRM)
Em nota, o CRM afirmou que “tomou conhecimento de ocorrências relacionados à cirurgia plástica realizada em Belo Horizonte/MG por meio da imprensa, e que iniciará os procedimentos necessários à apuração dos fatos”.
“Todas as denúncias recebidas são apuradas de acordo com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP), tendo o médico amplo direito de defesa e ao contraditório. Em conformidade com o CPEP todos os procedimentos correm sob sigilo”, completou.
