Ouvindo...

Relatos Selvagens e uma lágrima

Homens e mulheres de bem! Chegou a hora de acontecer, de entrar para a história, participando do futuro próximo de BH e Nova Lima

Humberto Filho

⁠Blá, blá, blá! Como dizia Nelson Rodrigues, “se os homens de bem tivessem a ousadia dos canalhas, o mundo estaria salvo...”, blá, blá, blá! Caminhando e cantando e seguindo a canção, “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”, de Geraldo Vandré, blá blá, blá: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...” e blá, blá, blá.

Caminhar e cantar, dirigir e cantar em Belo Horizonte é outra história, um relato selvagem, ameaça concreta e diária à saúde mental e física do cidadão; de motoristas e passageiros.

Sim, voltamos, mais uma vez, ao tema de horror, a mobilidade urbana em Belo Horizonte, mas, hoje, citando o que podemos fazer, com trabalho de formiguinha, com cada passarinho apagando incêndio levando água no bico, com cada pessoa formando uma legião urbana, para salvar Belo Horizonte. Ou pelo menos parte dela, aceitando, se inscrevendo e participando do convite a seguir.

“O Governo de Minas, por intermédio da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte realiza amanhã, dia 27, quinta-feira, a 2ª Consulta Pública do Projeto Parque da Linha Férrea. O evento que tem por objetivo recolher subsídios e contribuições da população e entidades interessadas acerca da construção do Parque da Linha Férrea, projeto que visa promover soluções de ocupação para a faixa de terreno do antigo ramal ferroviário de Águas Claras, localizado na divisão entre os municípios de Nova Lima e Belo Horizonte”.

Homens e mulheres de bem! Chegou a hora de acontecer, de entrar para a história, participando do futuro próximo de Belo Horizonte.

As pirâmides do Egito e a linda cidade de Paris não foram feitas por faraós e prefeitos, mas pelo povo, ainda que, no Egito, ele fosse escravizado e, em Paris, composto por gente humilde e anônima. Gente como a gente.

Belo Horizonte e Nova Lima precisam de você, precisa de nós. O Parque da Linha Férrea vai atender a todos, pobres e ricos, patrões e empregados, motoristas de carros importados e trabalhadores que utilizam o transporte urbano. No atual caos, todos são iguais, todos sofrem e perdem.

Mais que nunca, tempo é dinheiro e saúde. Quando poderíamos imaginar que perderíamos o direito de ir e vir por causa do trânsito? Quando sequer sonharíamos que um pedreiro ou uma diarista, no Brasil do ridículo e indigno salário mínimo, ganhassem mais que, digamos, um jornalista? Ganham, poderiam ganhar mais, não fosse a vergonhosa mobilidade urbana. BH chegou a tal ponto que sobram postos de trabalho por falta de condições de ir para o trabalho e voltar para casa, quando trabalhadores gastam de três a seis horas dentro de ônibus lotados, rodando na velocidade de uma tartaruga, em ruas e avenidas cada vez mais estagnadas.

Claro, o Parque da Linha Férrea não vai fazer milagre. Não vai resolver todo o absurdo que é o trânsito de BH, mas, com certeza, vai impactar, para melhor, a vida de milhares de pessoas que circulam entre a capital e a cidade de Nova Lima. Vai melhorar a vida do doente, do idoso, do trabalhador, do empresário e da criança que vai chegar mais rápido na sua escola.

Um trânsito com verdadeira mobilidade faz pessoas mais felizes e eficientes, traz dignidade, conforto e segurança. Isso não é pedir o mundo ou o impossível. É reivindicar um direito legítimo, quando cumprimos tantos deveres.

Este texto é dedicado ao prefeito Fuad Noman que, esteja onde estiver, com certeza, gostaria de ver mais que um Belo Horizonte, uma cidade de verdade.

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humberto.filho@cidadeconecta.com