Um estudo desenvolvido em uma tese de doutorado do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que a Rua Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte, é a via mais poluída da capital mineira.
De acordo com o levantamento, em seguida aparecem empatadas a Avenida Antônio Carlos, a Nossa Senhora do Carmo e o trecho entre Silva Lobo e Barão Homem de Melo. Na sequência estão a Avenida Amazonas e o Anel Rodoviário.
Apesar da diferença entre os pontos, todas as vias monitoradas apresentam níveis de poluição acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pesquisa durou quatro anos
O estudo, realizado ao longo de quatro anos, foi possível graças a um equipamento portátil de medição norte-americano, de baixo custo em comparação aos aparelhos convencionais, o que permitiu acompanhar a qualidade do ar de forma mais próxima da rotina da cidade.
Segundo o climatologista e autor da pesquisa, Alceu Raposo Júnior, o resultado surpreendeu.
“A pesquisa trouxe as principais ruas de Belo Horizonte com alterações significativas na qualidade do ar, muito em função das emissões veiculares. A Rua Padre Eustáquio apresentou maior concentração de material particulado do que vias de maior circulação, como a Antônio Carlos e a Cristiano Machado”, explicou o pesquisador.
Poeira constante e incômodo diário
Para quem vive e trabalha na região, a poluição é parte do cotidiano. O comerciante Luciano Gil de Souza, de 41 anos, conta que a sujeira é perceptível todos os dias.
“A poeira preta dos ônibus e do asfalto é constante. Você pinta a loja e, em pouco tempo, as paredes e portas já estão sujas de novo. Dentro da loja também é muita poeira; limpa hoje, amanhã já está tudo sujo de novo”, relatou.
A microempresária Lorentina Santana também sofre com o acúmulo de poluição e cobra soluções das autoridades.
“A gente varre todo dia, mas no dia seguinte já está aquela poeira preta. Acho que já era hora de colocar ônibus elétricos, como em outras cidades. Seria muito bom pra quem mora e trabalha aqui”, sugeriu.
Motivos e impactos
Segundo o levantamento, a configuração urbanística da Rua Padre Eustáquio, que é estreita e ladeada por construções altas, dificulta a dispersão do ar. O resultado é o confinamento da poluição, formada principalmente por gases e partículas emitidos pelos veículos.
Todos os pontos monitorados pela pesquisa ficaram acima do padrão indicado pela OMS, indicando que a poluição atmosférica urbana ainda é um problema grave na capital mineira.