Cirurgiões ortopedistas pedem ajuda para realizar um mutirão que pode transformar a vida de 20 crianças com escoliose em Belo Horizonte, na próxima semana. O movimento “Mude a Curva”, que reúne médicos voluntários de vários estados para operar gratuitamente pacientes com escoliose que aguardam na fila do Sistema Único de Saúde (SUS), depende do banco de sangue da Fundação Hemominas, que está em situação crítica.
Os tipos O positivo e O negativo estão em nível crítico, enquanto A positivo e A negativo permanecem em estado de alerta. Esses são os grupos sanguíneos mais utilizados nesse tipo de procedimento, considerado de alta complexidade.
“Tudo está pronto, só falta sangue. Sem ele, as cirurgias simplesmente não podem acontecer”, alerta o apresentador da Júnior Moreira, Rádio Itatiaia. Nesta quinta-feira (13), ele recebeu os ortopedistas e cirurgiões de coluna Christiano Lima e Juliano Rodrigues no programa ‘Chamada Geral’.
Os médicos fizeram um apelo direto aos ouvintes: “doar sangue imediatamente para evitar o cancelamento das cirurgias”.
Na próxima semana, pelo menos 20 cirurgias estão previstas. Os médicos explicam que o fim do ano é um período especialmente crítico, pois aumentam os acidentes e diminuem as doações de sangue. Em média, cada cirurgia requer ao menos duas bolsas de sangue por paciente, o que pressiona ainda mais os estoques dos hemocentros.
Até as 14h desta quinta-feira (13), essa era a situação divulgada pela Fundação Hemominas.
Banco de Sangue Hermominas
Como doar
A Fundação Hemominas permite agendar a doação pelo site, telefone ou aplicativo.
Para agendar:
(31) 3768-7450
App MG —
Funcionamento:
- Segunda a sexta: 7h às 18h
- Sábado: 7h às 12h
- Endereço: Alameda Ezequiel Dias, 321 — Santa Efigênia
A doação leva menos de uma hora e pode salvar até quatro vidas, incluindo as das crianças que aguardam pelo mutirão.
Escoliose
A escoliose é uma deformidade da coluna vertebral. Embora muitas vezes seja explicada como um “encurvamento lateral”, o médico Juliano Rodrigues enfatiza que a condição é, na verdade, uma torção tridimensional sobre o eixo da coluna, perceptível de frente, de lado e nos movimentos de rotação. Nos casos graves, a deformidade pode comprometer órgãos vitais, afetando função pulmonar e cardíaca.
O médico Christiano Lima acrescenta que a escoliose é, “infelizmente, uma doença que não causa dor”. Isso dificulta que os responsáveis pelas crianças percebam a deformidade ou procurem tratamento precocemente, o que leva a escoliose a um estágio avançado antes da intervenção. Ele reforça que o público costuma subestimar a gravidade da escoliose:
O médico ortopedista Juliano Rodrigues, especialista em coluna vertebral, destaca que a doença também pode afetar o psicológico. “Muitas dessas crianças enfrentam vergonha, bullying, dificuldades emocionais e físicas. Operar 20 crianças pode representar dois anos de fila em algumas regiões”, destacou.
O que é o Mude a Curva
No Brasil, uma criança com escoliose pode esperar mais de quatro anos por uma cirurgia no SUS, segundo o movimento Mude a Curva. Criado por cirurgiões de coluna, o projeto realiza mutirões gratuitos para acelerar o acesso ao tratamento e reduzir filas. Na rede privada, o custo da cirurgia pode variar de R$ 80 mil a R$ 200 mil.
De acordo com o Mude a Curva, o modelo envolve:
- Transporte, hospedagem e alimentação para pacientes e equipes;
- Cirurgias gratuitas, realizadas por profissionais totalmente voluntários;
- Mutirões em hospitais públicos, com apoio e doação de materiais e insumos pela indústria;
- Capacitação das equipes locais, deixando um legado assistencial.
Este é o 11º mutirão nacional do movimento e o segundo realizado em Minas Gerais.