Justiça aceita denúncia, e policial que matou garota de programa em BH vira réu

Marcos Antônio Januário, de 60 anos, assassinou a mulher com um tiro de pistola calibre .380 no rosto

Câmeras de segurança registraram o policial militar reformado momentos após ele balear a mulher

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aceitou, nesta quarta-feira (12), a denúncia que torna o policial militar da reserva Marcos Antônio Januário, de 60 anos, réu pelo assassinato de Paula Carolini Vieira da Costa, de 42 anos. O homem confessou ter matado a vítima, que era garota de programa, com um tiro no rosto, no dia 16 de outubro, em um apartamento no Bairro Carlos Prates, em Belo Horizonte.

A defesa de Marcos Antônio terá dez dias para apresentar resposta à acusação.

O crime

Marcos Antônio Januário, de 60 anos, assassinou a mulher com um tiro de pistola calibre .380 no rosto. A bala entrou no nariz e saiu pela nuca. Próximo ao corpo, foram encontrados documentos pertencentes ao autor confesso.

Acionada por vizinhos que ouviram o barulho de um tiro, a PM chegou ao local e encontrou Januário bastante nervoso, com a arma utilizada no crime na cintura. Inicialmente, ele resistiu à abordagem, gritando que era policial e não seria preso.

Ele só foi contido e colocado na viatura após se recusar a prestar qualquer informação sobre o estado da vítima.

No quarto da vítima, foram encontrados e apreendidos três celulares, uma maquininha de cartões e um projétil calibre.380, compatível com a arma do policial.

Imagens de câmeras de segurança registraram os momentos após o crime. No vídeo, é possível ver que o policial permaneceu cerca de 15 minutos no local. Ele aparece de blusa laranja entrando no apartamento por volta das 16h01, enquanto mexe no celular.

Na sequência, ouve-se um disparo de arma de fogo. Logo depois, o suspeito aparece perdido dentro do condomínio. Em seguida, consegue encontrar a saída e deixa o local com a ajuda de uma moradora.

Versão do autor foi contestada por amigos da vítima

Em depoimento, Marcos Antônio Januário alegou que havia contratado os serviços sexuais de Paula Carolini Vieira da Costa pela internet, mas um desacordo teria ocorrido durante o encontro.

Ainda conforme o relato do suspeito, ele teria desistido do programa e, durante uma discussão sobre o pagamento, a mulher tentou tomar sua arma, momento em que o disparo teria acontecido de forma acidental.

Amigos da vítima, porém, contestam a versão e afirmam que Marcos já havia se relacionado outras vezes com Paula, e que estaria obcecado por ela, buscando iniciar um relacionado com a mulher. Ele teria premeditado o crime após ser rejeitado.

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Uma amiga de Paula, em entrevista à Itatiaia, afirmou que a vítima já havia relatado estar sendo perseguida pelo homem.

“Ele insistia sempre em ter um relacionamento com ela e ela sempre o rejeitou. Ela havia reclamado dessa situação, que deu um tempo, e ontem aconteceu esse fato grave, um feminicídio, uma perseguição”, começou.

A mulher disse ter certeza de que se tratou de um crime premeditado.

“Por causa do tempo que ele ficou junto a ela, por onde acertou o tiro. Um disparo acidental não vai ao rosto. Em crime de vingança e ódio que o tiro é dado no rosto de alguém. Não tem justificativa de uma pessoa chegar em alguém e simplesmente dar um tiro no rosto. Uma pessoa maravilhosa, minha irmã, minha amiga, de todos os tempos. Carinhosa, leal. Cuidava da mãe, do filho, da casa. Uma pessoa que eu amava demais. Estou sem chão”, desabafou a amiga.

Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.

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