Jiboia no quintal e jacaré atravessando rua é normal em BH? Veja o que dizem os bombeiros

Jacaré é flagrado às 2h na Pampulha, e jiboia de 1,80 m mata galinha no Planalto antes de ser capturada; mudanças climáticas favorecem visitas repentinas

Rolê na Pampulha e visita no quintal: jacaré e jiboia surpreendem moradores de BH

Passeio noturno de jacaré e jiboia no quintal: os “visitantes ilustres” têm mobilizado o Corpo de Bombeiros nos últimos dias em Belo Horizonte. Na semana passada, um jacaré foi flagrado atravessando a rua às margens da Lagoa da Pampulha por volta de 2h da madrugada. Já no bairro Planalto, na Região Norte da capital, uma jiboia de aproximadamente 1,80 metro foi capturada nessa quarta-feira (26) após aparecer no quintal de uma casa e matar a galinha de uma moradora.

As duas cenas chamaram atenção dos moradores — mas, afinal, isso é comum? A Itatiaia conversou com o cabo Gláuber Fraga, da Sala de Imprensa do Corpo de Bombeiros, que explicou que as ocorrências têm sido frequentes.

Segundo ele, em 2025, até esta quarta-feira (26), os militares atenderam 2.208 chamadas envolvendo a captura de animais silvestres, incluindo serpentes, lagartos, gambás e morcegos. Apesar de parecer inusitado, Belo Horizonte tem muitas áreas verdes, o que favorece a presença desses animais. “Nesses locais há serpentes e também jiboias”, afirma.

Por que esses animais aparecem em áreas urbanas?

O cabo explica que o avanço da cidade sobre áreas de mata aproxima as pessoas do habitat natural desses animais. “Quando elas estão em matas ou parques, é normal, pois são habitats comuns. O problema é quando passam a dividir espaço com as pessoas. A expansão urbana favorece esse encontro e aumenta as ocorrências”, diz.

Ele acrescenta que as jiboias têm hábitos noturnos, são carnívoras e caçam pequenos animais. “Elas podem estar enroladas em galhos em seu habitat natural, ou em madeiras de varandas e telhados quando aparecem na área urbana”, explica.

Apesar do susto que causam, as jiboias não são peçonhentas. “Se se sentirem ameaçadas, tendem a morder. As maiores podem matar presas pequenas por constrição”, alerta Fraga.

Esse tipo de “visita” também é influenciado pelas mudanças climáticas. As temperaturas elevadas afetam diretamente o comportamento dos répteis. “Com o calor, eles buscam locais mais compatíveis com seus hábitos biológicos, especialmente lugares mais úmidos e frescos”, explicou o militar.

O que fazer ao encontrar um réptil?

A orientação é clara: não se aproximar, manter distância e acionar o Corpo de Bombeiros (190). “Em sua maioria, atendemos ocorrências com serpentes. Casos com jacarés aparecem de forma pontual”, afirma.

Em agosto, a Prefeitura de Belo Horizonte estimou que a Lagoa da Pampulha abriga entre 10 e 15 jacarés. Um censo realizado em 2019 identificou 17 indivíduos entre adultos, jovens e filhotes.

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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.

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