Hospitais em BH decretam luto por falta de recursos; prefeitura cita repasse de R$ 1,5 bi

Instituições filantrópicas apontam dificuldades financeiras que, segundo as instituições, ameaçam o atendimento de média e alta complexidade na capital

Imagem da Santa Casa BH

Hospitais filantrópicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Belo Horizonte decretaram luto institucional nesta terça-feira (23) em protesto contra dificuldades financeiras que, segundo as instituições, ameaçam o atendimento de média e alta complexidade na capital. Elas alegam que os repasses da produção assistencial, de emendas parlamentares e outros incentivos não estão chegando de forma regular.

A Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que já destinou cerca de R$ 1,5 bilhão neste ano às instituições, mas ponderou que eventuais atrasos ou insuficiências nos repasses da União e do Estado impactam o fluxo financeiro municipal. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o Ministério da Saúde afirmaram ter enviado recursos ao município. “O luto simboliza a falta de motivos para celebração neste fim de ano diante da irregularidade nos repasses feitos pelo município”, disse a presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais, Kátia Rocha.

Conforme a dirigente, o último levantamento apontou um passivo de cerca de R$ 50 milhões envolvendo seis hospitais filantrópicos da capital. São eles: Associação Mário Penna, Complexo Hospitalar São Francisco, Hospital da Baleia, Hospital Sofia Feldman, Hospital Universitário Ciências Médicas e Santa Casa de Belo Horizonte.

A situação, segundo Kátia Rocha, levou hospitais a recorrerem a empréstimos bancários para honrar compromissos trabalhistas de fim de ano, como o pagamento do 13º salário. “Há valores referentes à produção de outubro que já foram repassados pelo Ministério da Saúde à Prefeitura, mas que ainda não chegaram integralmente às instituições”, disse. A presidente da federação aponta que a manutenção desse cenário pode comprometer a assistência.

“Recursos federais são transferidos de forma automática e regular, geralmente no início de cada mês. Em dezembro, por exemplo, o repasse ao município ocorreu no dia 4, mas, segundo os hospitais, o dinheiro não foi utilizado nem para quitar pendências de meses anteriores”, completou.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de Belo Horizonte apontou que o possível atraso no pagamento aos hospitais acontece por razões operacionais, financeiras e de fluxo de caixa. “As situações são agravadas, ainda, pela diferença entre os valores transferidos ao município pela União e pelo Estado e o custo real da assistência, exigindo da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) esforços contínuos para recompor recursos e assegurar a manutenção dos serviços, ainda que em momentos distintos do inicialmente programado”, disse.

Procurada pela reportagem da Itatiaia, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) disse que já repassou mais de R$ 4,3 bilhões entre julho de 2019 e agosto de 2025 ao Fundo Municipal de Saúde da capital mineira. A pasta acrescentou que também destinou “mais de R$ 424 milhões em investimentos estaduais na Atenção Primária à Saúde” e que o estado foi contemplado pelo programa Valora Minas, que já destinou R$ 1,5 bilhão desde 2021, sendo R$ 261,6 milhões em 2025. A SES-MG, no entanto, não se manifestou sobre eventuais atrasos nos repasses.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou ter aumentado em 37,1% os repasses do Governo Federal para Belo Horizonte nos últimos três anos. Conforme a pasta, foram destinados R$ 2,8 bilhões ao município neste ano, sendo R$ 2,2 bilhões para a assistência de média e alta complexidade.

“No dia 11 de dezembro, o presidente Lula e o ministro Alexandre Padilha anunciaram o repasse extra de R$ 57,9 milhões por ano para o custeio de atendimentos de média e alta complexidade na capital mineira a partir de 2026, além de R$ 7,4 milhões anuais para habilitação da Rede de Urgência e Emergência (RUE) na região”, acrescentou o Ministério da Saúde.

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Apaixonado por rádio, sou um bom mineiro que gosta de uma boa conversa e de boas histórias. Além de acompanhar a movimentação do trânsito, atuo também na cobertura de vários assuntos na Itatiaia. Sou apresentador do programa ‘Chamada Geral’ na Itatiaia Ouro Preto.

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