Defesa de Marcos Valério diz que megaoperação não encontrou material ilícito

Publicitário condenado no Mensalão, Marcos Valério foi alvo de uma operação que mira um esquema de sonegação de imposto em Minas Gerais

Marcos Valério foi tido como um dos superiores de uma organização criminosa que sonegou milhões em ICMS em Minas Gerais

A defesa do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, alvo de mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Ambiente 186, deflagrada nesta terça-feira (2), afirmou que as autoridades não encontraram material ilícito em seus endereços. A ação do Ministério Público, por meio do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de Minas Gerais (CIRA-MG), mirou uma organização criminosa suspeita de esquema de sonegação fiscal no setor de atacadistas.

Marcos Valério, condenado no esquema do Mensalão, foi identificado pelo Ministério Público como uma das lideranças do núcleo executivo da organização criminosa e possuía superioridade hierárquica em relação aos demais investigados. Porém, segundo a defesa, os motivos da operação ainda não foram esclarecidos.

A nota assinada pelo advogado Carlos Alberto Arges Junior, ressalta que os autos do processo ainda não foram disponibilizados para a defesa, mas afirma que os mandados de busca e apreensão não encontraram material de natureza ilícita em seus endereços.

“Embora o acesso aos autos ainda não tenha sido disponibilizado, a defesa reafirma sua confiança no Poder Judiciário e nas instituições democráticas, destacando que o Sr. Marcos Valério Fernandes de Souza sempre se colocou integralmente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos, pautando sua conduta pela legalidade, transparência e cooperação”, escreve.

A investigação do MPMG, mostra que o grupo criminoso desviou mais de R$ 215 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Minas Gerais. As informações foram publicadas pelo O Fator, e confirmadas pela Itatiaia com documentos da operação, mostram que o modus operandi do grupo consiste na fraude da “barriga de aluguel”.

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Na prática, os investigados, empresários de redes atacadistas, vendiam produtos diretamente para outras empresas de Minas Gerais, porém, simulavam notas fiscais frias com empresas “noteiras”, fictícias ou de fachadas, para outros estados com a alíquota reduzida de 7% e que não possuem convênio de ICMS com o estado, como por exemplo Goiás e Espírito Santo. Assim, o grupo suprimiu o recolhimento do ICMS de Substituição Tributária (ICMS-ST).

A investigação também aponta Leonardo Guimarães Resende, administrador da empresa Autêntica Comércio de Produtos LTDA, como coordenador das fraudes estruturadas e gestor de contas de empresas fictícias. Ela atuaria em conjunto com Pedro Souza de Freitas e Rodrigo José de Freitas, administradores da Atakamix Atacadista e da Comercial Milho Brasil.

A operação conduzida pelo CIRA-MG contou com a participação de seis promotores de Justiça, três delegados de Polícia Civil, 58 auditores da Receita Estadual, dois auditores da Receita Federal, 65 policiais militares, 54 policiais civis, 09 bombeiros militares e 15 servidores do Ministério Público.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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