Adolescentes fazem tumulto em Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, na manhã de Natal

Segundo nota oficial da Sejusp, cerca de 20 jovens iniciaram a ação desferindo chutes contra as portas dos alojamentos

Sigla e outras do Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital são identificações que os próprios adolescentes picham as paredes

A manhã de Natal foi marcada por tensão no Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, na Região Central de Minas. Cerca de 20 adolescentes iniciaram um “motim” por volta das 9h desta quinta-feira (25).

Segundo nota oficial da Sejusp, os jovens iniciaram a ação desferindo chutes contra as portas dos alojamentos. A Polícia Militar foi acionada para auxiliar na retirada dos internos e permitir a realização de uma revista nas celas. A secretaria informou que a situação foi normalizada por volta das 14h e que os adolescentes poderão sofrer sanções disciplinares após a apuração dos fatos.

Efetivo crítico: 5 agentes para 35 internos

O caso foi criticado pelo Sindicato dos Agentes de Segurança Socioeducativo (Sindsisemg). De acordo com José Alencar, vice-presidente da entidade, a unidade operava em condições críticas na véspera e no dia de Natal.

“O caos se deu por gestão incompetente. Ontem (24), havia apenas cinco agentes escalados para atender 35 adolescentes. Desses cinco, uma é servidora feminina e outro possui idade avançada”, disse Alencar. Segundo ele, a direção ignorou alertas da equipe de segurança e concedeu férias e folgas simultâneas para a maioria do plantão, deixando a unidade vulnerável.

Facções

O sindicato também alertou para a crescente presença de adolescentes ligados a facções criminosas dentro do sistema. Somado a isso, os agentes reclamam de uma política de afastamentos que consideram injusta.

“Qualquer denúncia feita por adolescente, sem comprovação, tem sido tratada como verdade absoluta pela Justiça e pela Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase), resultando no afastamento imediato do agente sem que ele seja ouvido. Isso esvazia a autoridade funcional e fragiliza a segurança”, afirmou Alencar.

Além do déficit de pessoal, o Sindsisemg apontou problemas estruturais graves na unidade de Sete Lagoas e critica a falta de transparência do estado. Segundo o sindicato, houve três tentativas de realizar audiências públicas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para discutir a situação do centro socioeducativo, mas todas foram barradas sem justificativas claras.

A direção da unidade informou que encaminhará o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) e um relatório detalhado à autoridade policial e ao Judiciário para as providências cabíveis.

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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

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