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Mais da metade das escolas públicas do Brasil não estão ligadas à rede de esgoto

Anuário 2025 aponta desigualdade na infraestrutura da rede de educação

Anuário 2025 aponta desigualdade na infraestrutura da rede de educação (imagem ilustrativa)

O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, divulgado nesta quinta-feira (25), revelou fortes desigualdades na oferta de infraestrutura das escolas públicas no Brasil. O levantamento, elaborado pela organização Todos Pela Educação, em parceria com a Fundação Santillana e a Editora Moderna, chega à sua 12ª edição e mostra que, embora a maioria das unidades tenha itens básicos, ainda persistem carências graves.

Infraestrutura básica

Segundo o estudo, 95% das escolas públicas contam com serviços essenciais, como energia elétrica, cozinha, banheiro e acesso à água potável. Porém, dois pontos se destacam pela precariedade: apenas 48,2% estão conectadas à rede pública de esgoto, e mais de 20% não contam com coleta de lixo.

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As diferenças regionais são marcantes. No Norte, apenas 9,3% das escolas têm ligação com a rede de esgoto, contra 30,8% no Nordeste, 47,8% no Centro-Oeste, 56,9% no Sul e 84,7% no Sudeste. Mais da metade das escolas do Norte (54%) também não possui coleta de lixo, enquanto o índice chega a 97,2% no Sul.

Para a gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, Manoela Miranda, a ausência de condições básicas compromete diretamente a aprendizagem.

“Três em cada dez escolas públicas no Acre e em Roraima não têm água potável. Falta energia em um terço das unidades do Acre e do Amazonas. E a ausência de banheiros afeta um quarto das escolas em Roraima. É uma questão de dignidade, mas também de aprendizado”, ressaltou.

Fator amazônico

Na avaliação da especialista, os desafios no Norte são agravados pelo chamado “fator amazônico”, que envolve custos logísticos e operacionais mais altos. Ela defende que políticas públicas considerem essas especificidades para reduzir desigualdades.

Estrutura para o ensino

O anuário também analisou equipamentos voltados à aprendizagem. Bibliotecas e salas de leitura, por exemplo, estão presentes em 47,2% das escolas de anos iniciais, em 69,2% das de anos finais e em 86,5% das de ensino médio.

Laboratórios de informática estão disponíveis em 27% das escolas de anos iniciais, 46,8% das de anos finais e 73% das de ensino médio. Já os de ciências aparecem em 20,3% das unidades de anos finais e em 46,9% das de ensino médio – com índices ainda mais baixos na Região Norte. Em Roraima, apenas 22% das escolas de ensino médio contam com laboratório de ciências; no Acre, 21%.

Na educação infantil, 41% das escolas públicas têm parque infantil, 35,3% dispõem de área verde e 69,6% contam com material pedagógico adequado. As disparidades regionais novamente aparecem: no Norte, só 11,5% das unidades têm parques; no Sul, o índice é de 87,4%.

Internet e aprendizagem

Embora 95,4% das escolas públicas estejam conectadas à internet, apenas 44,5% possuem conexão adequada para uso pedagógico, o que limita o aproveitamento em sala de aula.

O anuário também alerta para os baixos índices de aprendizagem. Apenas 4,5% dos alunos da 3ª série do ensino médio alcançam níveis adequados em matemática e língua portuguesa. No 9º ano do fundamental, o índice é de 13,3%, e no 5º ano, 37,2%.

Perspectivas

Apesar dos desafios, Manoela Miranda destacou avanços em acesso, conclusão e redução da distorção idade-série. Para ela, os dados devem orientar políticas futuras, especialmente no contexto da discussão do novo Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso.

“É fundamental ter metas ambiciosas, mas realistas, para a educação que queremos daqui a dez anos”, afirmou.

*Com agências

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