Pesquisa feita pelos institutos Orire e Sumaúma, organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, indicou que 52,2% das pessoas pretas e pardas não sabem quais caminhos seguir para denunciar
O estudo, divulgado na véspera do
A fundadora do Instituto Orire, Thais Bernardes, considera que o resultado da pesquisa revela um “abismo informacional”. “Uma estrutura que faz com que o caminho da denúncia seja confuso, pouco acessível e, muitas vezes, até desencorajador”, disse.
O levantamento mostrou também que apenas 20,3% dos entrevistados acreditam que a denúncia de racismo ou injúria racial será encaminhada para os devidos fins legais e que providências cabíveis serão tomadas.
Vítimas
De cada dez entrevistados, seis (59,3%) relatam ter sido vítimas de racismo ou injúria racial ao se deslocar pela cidade. Apesar dessa parcela, 83,9% nunca registraram boletim de ocorrência. “É estrutural, um sistema que não se comunica com quem mais precisa dele”, afirma Thais Bernardes, responsável pelo portal Notícia Preta, dedicado à comunicação antirracista.
O levantamento do Orire identificou que 77,1% dos entrevistados afirmam saber a diferença entre racismo e injúria racial. O racismo é entendido como um crime contra a coletividade; a injúria, como um ataque direcionado ao indivíduo. “O conhecimento empodera, mas são as ações estruturais que interrompem o ciclo de violência”, acrescentou Thais.
De acordo com o Censo 2022, pretos e pardos formam 55,5% da população brasileira. Para denunciar crimes de racismo ou injúria racial, o governo disponibiliza o Disque 100, serviço telefônico gratuito para denúncias de violações de direitos humanos. O registro também pode ser feito nas delegacias de Polícia Civil ou via Polícia Militar.
* Informações com Agência Brasil