Maioria da população negra diz não saber como denunciar casos de racismo, revela estudo

Pesquisa dos institutos Orire e Sumaúma indicou que 52,2% das pessoas pretas e pardas não sabem quais caminhos seguir para denunciar

Dia da Consciência Negra é lembrado nesta quinta-feira (20)

Pesquisa feita pelos institutos Orire e Sumaúma, organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, indicou que 52,2% das pessoas pretas e pardas não sabem quais caminhos seguir para denunciar casos de racismo ou injúria racial. O levantamento apontou também que apenas 47,5% dos pretos e pardos conhecem legislações antidiscriminatórias.

O estudo, divulgado na véspera do Dia da Consciência Negra, lembrado nesta quinta-feira (20), contou com a participação de 423 pessoas de todas as regiões do país. Ao todo, foram 310 pessoas que se reconhecem como pretas e outras 113 como pardas. Elas participaram de um formulário online, entre julho e setembro.

A fundadora do Instituto Orire, Thais Bernardes, considera que o resultado da pesquisa revela um “abismo informacional”. “Uma estrutura que faz com que o caminho da denúncia seja confuso, pouco acessível e, muitas vezes, até desencorajador”, disse.

O levantamento mostrou também que apenas 20,3% dos entrevistados acreditam que a denúncia de racismo ou injúria racial será encaminhada para os devidos fins legais e que providências cabíveis serão tomadas.

Vítimas

De cada dez entrevistados, seis (59,3%) relatam ter sido vítimas de racismo ou injúria racial ao se deslocar pela cidade. Apesar dessa parcela, 83,9% nunca registraram boletim de ocorrência. “É estrutural, um sistema que não se comunica com quem mais precisa dele”, afirma Thais Bernardes, responsável pelo portal Notícia Preta, dedicado à comunicação antirracista.

O levantamento do Orire identificou que 77,1% dos entrevistados afirmam saber a diferença entre racismo e injúria racial. O racismo é entendido como um crime contra a coletividade; a injúria, como um ataque direcionado ao indivíduo. “O conhecimento empodera, mas são as ações estruturais que interrompem o ciclo de violência”, acrescentou Thais.

De acordo com o Censo 2022, pretos e pardos formam 55,5% da população brasileira. Para denunciar crimes de racismo ou injúria racial, o governo disponibiliza o Disque 100, serviço telefônico gratuito para denúncias de violações de direitos humanos. O registro também pode ser feito nas delegacias de Polícia Civil ou via Polícia Militar.

* Informações com Agência Brasil

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