Quase metade das crianças mostram ansiedade ligada ao uso de telas, aponta pesquisa

Levantamento também apontou falhas na supervisão; dado faz parte de estudo inédito sobre adultização e uso precoce de redes sociais no Brasil

Intitulado “120 dias depois do viral do Felca: o retrato da adultização no Brasil”, o levantamento também revelou falhas na supervisão

Cerca de 46% das crianças e adolescentes brasileiros demonstram sinais de ansiedade, irritabilidade ou dificuldade de foco por causa do tempo excessivo diante das telas, apontou uma pesquisa inédita do Projeto Brief sobre adultização e uso precoce das redes sociais no Brasil.

Intitulado “120 dias depois do viral do Felca: o retrato da adultização no Brasil”, o levantamento também revelou falhas na supervisão. Isso porque 35% das crianças postam conteúdo na internet sem qualquer supervisão, sendo que apenas 37% dos responsáveis dizem saber usar ferramentas de controle parental.

Leia também

Outros 4% alegaram terem ouvido falar, mas não utilizam. Além disso, 18% nunca tiveram contato com o recurso. A pesquisa ouviu mais de 1 mil pessoas sobre o apoio à regulamentação das redes como forma de assegurar um ambiente digital seguro para menores.

O estudo mostrou ainda que 8% dos pais relataram que filhos sofreram episódios de assédio ou abuso digital. O índice dobra entre meninas de 13 a 15 anos. Conforme o levantamento, 77% das crianças e adolescentes já têm celular próprio, e 73% possuem ao menos uma rede social ativa, mesmo entre faixas etárias em que o uso deveria ser restrito.

Já entre os adolescentes de 13 a 18 anos, o índice sobe para 91%. Além disso, entre os menores de 7 anos, 28% já têm conta nas redes sociais.

Responsabilidade dividida

Os entrevistados apontaram que garantir a segurança digital de crianças é uma tarefa dividida entre família e sociedade.

Confira:

  • Pais e mães - 82%;
  • Plataformas - 76%;
  • Governo - 61%;
  • Influenciadores - 37%;
  • Escolas - 32%.

Muitos ainda desconhecem o ECA Digital

Mesmo após a aprovação de leis no âmbito da proteção de crianças e adolescentes na internet, como o ECA Digital, os termos ainda são pouco compreendidos: apenas 36% já ouviram falar do ECA Digital.

A tramitação do “ECA Digital”, assim como a pesquisa, ocorre após o influenciador Felipe Bressanim Pereira, o Felca, publicar um vídeo expondo casos como o de Hytalo Santos. O influenciador explorava a imagem de crianças e adolescentes nas redes sociais.

Após a viralização do vídeo, Hytalo foi preso e denunciado por tráfico de pessoas e exploração de menores pelo Ministério Público da Paraíba. A pesquisa também questionou medidas de proteção. As mais aprovadas são: identidade verificada de usuários (72%), relatórios de uso para pais (63%), limitar comentários para menores (54%) e limitar tempo de uso (46%).

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas

Ouvindo...