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Mais de 100 mil pessoas enterradas: cemitério de escravizados é encontrado em estacionamento na BA

Cemitério do Campo da Pólvora funcionou por 150 anos e é o local onde foram enterrados grandes líderes de revoluções na Bahia

Uma escavação feita por uma arqueóloga na Bahia confirmou a localização do antigo cemitério do Campo da Pólvora, em Salvador, onde foram enterrados escravizados da região durante 150 anos. Segundo o levantamento feito pela pesquisa da doutoranda da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Silvana Olivierim, no local podem ter sido enterradas 100 mil pessoas.

Esse pode ser um dos maiores acervo de remanescentes humanos de pessoas negras escravizadas das Américas. O cemitério do Campo da Pólvora funcionou até 1844, quando foi desativado pela Santa Casa da Misericórdia da Bahia.

Escavações

As escavações foram realizadas em uma área de três vagas no estacionamento do Complexo da Pupilera, no bairro Nazaré, em Salvador, onde hoje funciona a Faculdade Santa Casa, o cerimonial de luxo Rainha Leonor e outros prédios da Santa Casa. O processo foi coordenado pela arqueóloga Jeanne Dias e iniciou no dia 14 de maio. Já no quinto dia de escavações foram encontrados vestígios de ossos e de dentes humanos.

Segundo informações da UFBA, os primeiros segmentos foram encontrados a uma profundidade de 3 metros - o que pode significar que o antigo cemitério teria sido soterrado. Os pesquisadores acreditam que houve uma tentativa de apagamento da história do local.

Revolucionários enterrados no local

Foram enterrados no cemitério do Campo da Pólvora líderes de revoltas e insurreições negras, como Búzios e Malês, além de outros movimentos revolucionários.

Para preservação do local, o Ministério Público Estadual instaurou um processo que prevê o prosseguimento do diálogo com a Santa Casa de Misericórdia. Dessa forma, foi estabelecido um Termo de Cooperação Técnica entre os pesquisadores e a referida instituição católica, que prevê a realização da pesquisa arqueológica visando a constatação da permanência de remanescentes humanos no terreno que abrigou o cemitério.

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Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento