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Saiba quem é a mineira de 25 anos que se tornou a juíza mais jovem do Brasil

Luísa Militão, natural de Inhapim, na região Leste de Minas Gerais, tomou posse como juíza federal do TRF1 depois de quase 4 anos de estudos

Depois de passar pelo curso de formação, Luísa segue para a primeira lotação em Ilhéus, na Bahia, sendo a mais jovem a assumir o cargo

Luísa Militão, de 25 anos, foi aprovada em 2° lugar para juíza federal do Tribunal Regional Federal da 1ª região, depois de quase 4 anos de estudos. A mineira, de Inhapim, cidade localizada na região Leste do estado, foi aluna da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e empossada para o cargo de juíza em dezembro de 2024. Depois de passar pelo curso de formação, Luísa segue para a primeira lotação em Ilhéus, na Bahia, sendo a mais jovem a assumir o cargo.

Atleticana e mineira, Luísa Militão se mudou para Vitória da Conquista depois de se casar em maio de 2022. A jovem se formou em direito em meio a pandemia de Covid-19, em 2021. Um pouco antes da formatura, Luísa foi aprovada em um estágio de pós-graduação da promotoria de justiça de Inhapim (MG), onde atuou até ser aprovada na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

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A mais jovem juíza do Brasil sempre teve os concursos como foco e chegou a prestar provas para o Tribunal de Justiça de São Paulo, na carreira de magistratura, Polícia Civil de Minas Gerais, como delegada, Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais e Advocacia-Geral da União. Ela conciliava os estudos com a advocacia, já que para assumir os cargos públicos dos quais ela tinha interesse é preciso ter, pelo menos, 3 anos de experiência prática jurídica.

Além da aprovação como juíza federal, Luísa Militão também conseguiu resultados positivos para o concurso do Ministério Público do Estado da Bahia e para a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais. A jovem definiu a aprovação na magistratura federal como a “realização do sonho de uma vida”. O resultado, no entanto, foi inesperado, de acordo com Luísa Militão.

“Quanta honra poder regressar a esse tribunal magnífico, onde tive a alegria de estagiar ainda na graduação, entre 2019 e 2020 - uma das épocas mais felizes de minha vida, que me fez ficar apaixonada pela justiça federal. Uma prova despretensiosa para uma carreira que não tinha como foco (por julgar muito além da minha capacidade)”, escreveu a juíza nas redes sociais.

Resiliência e estratégia marcaram estudos

A trajetória de Luísa com os estudos começou aos 16 anos, quando deixou a cidade natal para fazer o ensino médio no Colégio de Aplicação da UFV (Coluni/UFV). Depois de formada, a agora juíza conciliava os estudos com a vida diária, de acordo com ela, nunca extrapolando o limite de 8 horas líquidas estudadas. Segundo a jovem, esse cronograma foi essencial para a qualidade dos estudos.

“Apesar de ter os 3 turnos do dia livres, minha meta era estudar “apenas” 8 horas líquidas. Penso que esse seja o limite de um estudo saudável, de uma trajetória leve. Começava às 8 da manhã e parava às 18h, com pausas para almoço (1 hora) e pequenos intervalos de 10 minutos a cada 1 hora líquida estudada. Isso salvou não só minha saúde mental como também minha coluna vertebral”, comentou a jovem.

Frustrações e contratempos também marcaram a trajetória de Luísa até a tão sonhada aprovação. Isso porque a jovem precisou pedir um recurso na fase de sentença criminal do concurso para o TRF: por 0,57 ponto ela não havia sido aprovada. “A sensação de vazio que experimentei ao reprovar na sentença criminal me fez ter certeza de que a magistratura era meu sonho.”

De acordo com Luísa, apesar de já ter tido outros resultados negativos, a reprovação na fase de sentença criminal foi o pior momento da época de concursos dela. Com o recurso aceito pela banca, Luísa conta que seguiu para a 2° fase com tranquilidade e confiança nas próprias habilidades.

“Minha trajetória nos estudos extrapola em muito os 4 anos. Sou uma apaixonada pelo saber, desde criança fui incentivada pela família, por professores e pelos meus amigos a explorar minha capacidade. E acredito que, por isso mesmo, meus estudos, apesar de intensos, regrados e organizados, foram, acima de tudo, leves. Estudar, para mim, sempre foi um prazer”, reflete a mais jovem juíza do Brasil.

*Sob supervisão de Felippe Drummond

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas