Desde que a cidade de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, foi inundada pelas águas do Guaíba, o diretor da Escola Estadual André Leão Puente, Felipe Fraga, viu a rotina mudar. As salas que antes eram tomadas por alunos do ensino médio se transformaram em dormitório para cerca de 256 pessoas e 180 animais desabrigados em decorrência das enchentes.
Entre os voluntários, há funcionários e professores da instituição. Felipi, que estava acostumado a gerir a escola, agora é o responsável por coordenar o abrigo.
“Alguns professores também estão morando na escola. Eles tiveram a casa alagada e não tem como voltar. Outros tinham casas em partes da cidade que não foram alagadas, e outros estão na casa de algum familiar, o que é o meu caso. A minha casa fica no bairro Rio Branco, ao lado do rio Gravataí, e está alagada. Estou ficando na casa da minha mãe, mas estou me voluntariando na escola para poder coordenar o abrigo”, diz.
Mesmo com a casa alagada, diretor se voluntaria e coordena abrigo montado em escola que trabalhava
Segundo o diretor, cada turno tem em torno de 30 a 50 voluntários. Eles são os responsáveis por fazer todo o trabalho de acolhimento no espaço.
“A gente precisa de bastante gente. Na cozinha estão cerca de cinco voluntários. Só para separar as roupas e as doações são outros cinco. Na parte da água são dois ou três. Temos gente também na rouparia, onde tem os colchões, lençóis, cobertores e travesseiros. Lá tem sempre duas ou três pessoas. Na parte administrativa, além de mim, tem o pessoal da secretaria. Ali a gente vê as demandas em geral, o que as pessoas precisam. Temos também voluntários que são os próprios desabrigados. Eles descarregam os caminhões quando chegam as doações”, explica.
Escola enfrentou fake news sobre doações
Um dos problemas enfrentados pelos gaúchos que precisam de ajuda é a
O diretor do abrigo conta que a escola foi alvo de uma fake news, mas que conseguiram não ter as doações afetadas por agirem rápido.
“As fake news têm acontecido bastante. Às vezes elas são bem específicas, por exemplo, apareceu no grupo de WhatsApp uma pessoa dizendo que na nossa escola teria uma facção criminosa que estaria matando os gatos que estão abrigados aqui. A minha esposa (que também é voluntária do local) verificou o que estava acontecendo e a gente postou no próprio grupo que não era verdade. Na publicação, falava que teria uma psicóloga voluntária na escola que teria visto isso e salvado os gatos. Eu tive que gravar um vídeo com essa psicóloga para postar no grupo e nas redes sociais desmentindo, porque isso poderia prejudicar as doações que nós temos recebido”, conta.
Veja itens que ainda precisam de doações
Entre os itens que são mais difíceis de conseguir doações estão itens para pets. Felipi afirma que existem cerca de 150 cachorros e 30 gatos no abrigo. “Nós temos recebido bastante doações para as necessidades básicas, elas têm sido suficientes. Mas alguns itens a gente não tem conseguido, como por exemplo comidas úmidas para animais. Isso são coisas mais difíceis de conseguir”, lamenta.
Além de itens para os animais, o abrigo enfrenta falta de produtos de limpeza. Quem quiser ajudar pode entregar/enviar as doações para o endereço R. Vítor Kessler, 291 - Centro, Canoas, ou entrar em contato pelo Instagram da escola @escolaalp.
A escola também montou um perfil no Instagram para divulgar fotos dos animais que estão no abrigo. A ideia é ajudar as vítimas das enchentes a encontrarem seu pet, que podem estar perdidos na instituição. As fotos dos animais estão sendo postadas no perfil @seupet_alp.
Na página da escola no Instagram, a instituição pede para doações dos seguintes itens:
- Álcool;
- Baldes;
- Buchas;
- Desinfetantes;
- Luvas cirúrgicas;
- Rodos;
- Sacos de lixo;
- Fita adesiva e crepe;
- Frutas;
- Suco em pó;
- Copos descartáveis.
Para os animais, o abrigo ainda precisa de:
- Comida úmida;
- Areia para gatos;
- Cobertinha;
- Papelão;
- Roupinhas para cachorro tamanho GG;
- Coleiras;
- Brinquedos/Ossos;
- Pano de limpeza;
- Rodo pequeno.
Enchentes no RS
Segundo a Defesa Civil, as fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, desde o fim de abril, já afetaram mais de 2,3 milhões de pessoas em 464 municípios, o equivalente a mais de 90% do estado gaúcho. De acordo com os dados mais atualizados, são 161 mortos, 85 desaparecidos, 806 feridos, mais de 72 mil em abrigos e mais de 580 mil desalojados (em casa de parentes e amigos).
Como ajudar?
Segundo as autoridades, desabrigados e desalojados que foram acolhidos pela Defesa Civil precisam não só de alimentos, como também de colchões, roupas de cama e banho e também cobertores. Quem mora na região de Porto Alegre pode contribuir presencialmente no Centro Logístico da Defesa Civil Estadual (avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, Porto Alegre).
Além de receber doações de vários itens, as autoridades permitem a doação de qualquer tipo de valor em dinheiro. Para permitir a colaboração de pessoas de outras cidades e estados, o Governo do Estado criou uma chave Pix para receber doações. Quem quiser contribuir, pode fazer um Pix para o CNPJ 92958800000138.