A Polícia Federal deflagrou uma operação neste domingo (24) para
Os suspeitos de serem os mandantes do crime são: Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio.
Em entrevista à Itatiaia, o especialista em segurança pública, Luiz Flávio Sapori, afirmou que a solucionar o caso Marielle é mais do que desvendar um fato pontual, mas sim descobrir a gravidade do crime organizado no Rio de Janeiro.
“Me parece a ponta do iceberg está sendo apresentada de uma maneira nítida, como há muito tempo não se revelava. Não é novidade saber desse conluio do crime organizado com o aparato policial no Rio de Janeiro - tanto a Polícia Militar, quanto a Polícia Civil -, mas esse caso da Mariele revela como a política do Rio de Janeiro está contaminada pelo crime organizado”, comentou.
Para Sapori, as investigações mostraram a relação do crime organizado com a política, polícias e judiciário.
“Os Brazão não são propriamente líderes de milícia, mas são políticos e tem seus currais eleitorais na Zona Oeste do Rio de Janeiro, região governada pela milícia. O fato mais grave é a revelação de que os chefes da Polícia Civil do Rio de Janeiro, principalmente o Rivaldo, estavam articulados e tudo leva a crer que ele (Rivaldo) planejou o assassinato da Marielle. Há um vínculo muito claro. Todo esse emaranhado corrupto está explicitamente evidenciado nessa investigação”, afirmou.
Estado ‘mexicanizado’
O especialista em Segurança Pública comparou a situação do Rio de Janeiro a do México. “O Rio de Janeiro é um caso concreto de um estado ‘mexicanizado’, onde a segurança pública está ‘mexicanizada’. Isso porque o México hoje é um país, infelizmente, onde o governo não governa. É um país dividido pelos cartéis do narcotráfico, onde a corrupção das polícias e da política está absolutamente entranhada”, opinou.
Sapori também elogiou o governo Lula pelos esforços na investigação. "[Se o caso não tivesse sido federalizado], não teria tido solução. É mérito do presidente Lula e mérito do então ministro Flávio Dino, agora do Lewandowski. Não tem como negar isso. O governo Bolsonaro ignorou o caso Marielle. Então, é reconhecer o mérito do atual governo que tomou a decisão de colocar a Polícia Federal e Procuradoria Geral da República”, parabenizou.
O professor ainda comentou a importância do recurso da delação premiada para a solução do caso. “Se ela não existisse, esse caso não teria sido revelado. Sem a delação premiada você não consegue entender a relação corrupta do crime organizado, com a política e com a polícia”, finaliza.