Produtores de cana de açúcar e fabricantes de açúcar do Triângulo Mineiro comemoram a inauguração do terminal rodoferroviário Comendador Rubem Montenegro Wanderley, em Iturama (MG), na última quinta-feira (9), com a presença do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio.
O empreendimento vai facilitar o escoamento da produção de açúcar da região ao Porto de Santos, permitindo o carregamento de 2 milhões de toneladas de açúcar, por ano, para exportação. Quinze trens de 120 vagões devem partir, por mês, da rodovia BR 497, na zona rural de Iturama, rumo ao porto de Santos entre este mês de junho e outubro, pico da safra de cana-de-açúcar no centro-sul brasileiro. O investimento da concessionária Rumo, responsável pela ferrovia e da Usina Coruripe, que formam um dos maiores grupos de açúcar e etanol do país, foi de R$ 95 milhões.
Projeto custou pra sair do papel
A Norte-Sul, batizada de Malha Central, é uma ferrovia cuja história se arrastava desde a década de 1980. A concretização começou a se desenhar, em 2019, quando a Rumo venceu o leilão do trecho da Norte-Sul com o ousado lance de R$ 2,719 bilhões, 100,9% acima do mínimo exigido pelo edital. Até então, a ferrovia estava nas mãos da estatal Valec.
O presidente da Comissão de Cana da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Campo Florido e associado da Canacampo, Marcio Guapo, disse que essa é uma excelente notícia para a região do Triângulo e toda Minas Gerais. “O acesso facilitado ao porto de Santos deve reduzir os custos da indústria, que pode passar a remunerar melhor os produtores rurais, fornecedores da cana-de-açúcar. É uma novidade que beneficia toda a cadeia”. Guapo disse ainda que sua expectativa é de que, futuramente, os trens possam servir também para escoar as produções de carne, grãos e frutas. “A ferrovia abre inúmeras possibilidades”.
E se depender da disponibilidade do presidente da Coruripe, Mario Lorencatto e do vice-presidente da Rumo, Pedro Palma, o desejo de Guapo será atendido mais rápido do que ele imagina. Lorencatto disse que o terminal deverá transportar 1,15 milhão de toneladas de açúcar do próprio grupo e, o restante, de outros clientes.
Palma completou dizendo que as operações serão exclusivas para açúcar, mas nada impede que sejam realizadas operações de etanol, por exemplo. “A gente tem exportado bastante etanol para a Ásia e, se consolidar esse mercado, é uma coisa a se estudar”, disse Lorencatto.
Hoje, o trecho em operação da Norte-Sul, sob concessão da Rumo, tem 580 quilômetros. Falta concluir as obras viárias no trecho entre Rio Verde e Anápolis. Quando estiver pronta, ela permitirá a ligação ferroviária entre os portos de Itaqui (MA) e Santos. “Devemos chegar em Anápolis até o fim de 2022", disse Palma.
Velocidade é o diferencial
O trecho total da ferrovia tem 1.537 quilômetros, entre Porto Nacional (TO) e a Estrela D’Oeste (SP), e foi concebido para ser uma espécie de espinha dorsal do sistema ferroviário no país, permitindo a conexão com outras malhas. Um outro trecho da ferrovia já estava em operação, entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO), antes da inauguração de Iturama.
Um dos diferenciais no novo terminal, que gerou 50 empregos diretos, é a velocidade de carregamento, que pode alcançar 1.500 toneladas por hora, com potencial para carregar três trens de 120 vagões por dia.