A Justiça dos Estados Unidos está à procura de Patrícia Lélis, brasileira foragida acusada de forjar formulários de imigração e de fraude milionária. Ela, que tem 29 anos, teria criado múltiplas assinaturas e recibos falsos e teria aplicado um golpe de 700 mil dólares (cerca de R$ 3,4 milhões em conversão livre).
Caso seja capturada, ela pode ser condenada a até 20 anos de prisão pelo cometimento de crimes federais. O alerta de busca de Patrícia está em um site oficial da Justiça americana.
Em um post no X, Patrícia confirmou que está sendo procurada: “Sim, o FBI no USA está me ‘procurando’. Mas já sabem exatamente onde estou como exilada política. Foram meses de perseguições e falsas acusações”, disse.
Olá twitter e várias pessoas que não conheço mas acreditam que eu devo explicaçoes de algo. Sim, o FBI no USA está me "procurando". Mas já sabem exatamente onde estou como exilada politica. Foram meses de perseguições e falsas acusações. Meu suposto crime: Não aceitei que me…
— Patrícia Lélis 🇧🇷 (@lelispatricia) January 15, 2024
Segundo a acusação, Patrícia fingiu ser uma advogada de imigração que poderia auxiliar estrangeiros a conseguir vistos com residência permanente nos EUA. Em setembro de 2021, ela enviou um contrato a uma vítima, prometendo ajuda para obter os documentos para os pais dela. A vítima fez dois pagamentos iniciais, totalizando mais de 135 mil dólares.
Entretanto, o dinheiro foi depositado na conta pessoal de Patrícia. Ao invés de investi-lo, ela utilizou os recursos para quitar a entrada de sua casa em Arlington, custos de reformas e outras despesas pessoais, incluindo dívidas de cartão de crédito.
Para conferir autenticidade à operação fraudulenta, Patrícia teria inventado um número de processo fictício que alegava estar em tramitação judicial. Ela também teria persuadido amigos a se passarem por funcionários de um suposto fundo de investimento no Texas, que, na realidade, nunca existiu, em chamadas telefônicas e videoconferências com uma das vítimas. Diante da recusa da vítima em enviar mais dinheiro, Patrícia teria ameaçado os pais dela.
Quem é Patrícia Lélis?
Em 2016, ela ficou conhecida por acusar de estupro o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL-SP). A Justiça de Brasília, no entanto, arquivou a denúncia após o Ministério Público do Distrito Federal defender que não foi possível encontrar elementos que sustentasse a ação penal contra o parlamentar. O MP denunciou Patrícia por falsa comunicação de crime e extorsão de Talma Bauer, então chefe do gabinete de Feliciano.
Já em 2017, ela acusou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por ameaça após ofensas. Patrícia relatou que ele a teria insultado, chamando-a de “otária”, e a ameaçado caso a discussão persistisse. Contudo, quatro anos depois, um relatório da Polícia Civil do DF indicou sinais de denunciação caluniosa por parte dela. Na ocasião, Patrícia trabalhava no PSC, então partido de Eduardo Bolsonaro, seu namorado naquele período.
Patrícia Lélis chegou a concorrer ao cargo de deputada federal pelo antigo PROS em 2018, sem sucesso.
Ela também foi investigada internamente pelo PT por declarações consideradas transfóbicas em 2021 (à época, ela era filiada ao partido).