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PF investiga técnico que fraudou programa de desarmamento e desviou R$ 11 mi

Tiago Montagnini forjava devoluções de armas para ganhar as indenizações, em São José do Rio Preto (SP)

As investigações da PF apontam que o Montagnini aplicou a fraude mais de 27 mil vezes

A Polícia Federal prendeu preventivamente um técnico de informática que fraudava o programa de desarmamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública e desviou cerca de R$ 11 milhões.

O programa “Desarma”, criado em 2011, paga indenizações para quem entregar armas de fogo, munição e acessórios voluntariamente para serem eliminados. Os valores variam entre R$ 150 e R$ 450, conforme o tipo da arma levada à delegacia.

O técnico de informática Tiago Montagnini, que prestou serviços para a PF entre 2009 e 2013, utilizava a senha de um policial federal e forjava devoluções de armas para ganhar as indenizações.

A PF suspeita que ele começou a aplicar o golpe ainda em 2013, quando deixou a instituição.

As investigações apontam que o golpista aplicou a fraude mais de 27 mil vezes - número que corresponde a mais de 75% de todas as devoluções de armas no Estado de São Paulo, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2022.

Ou seja, em quase cinco anos, cerca de 3/4 das armas recebidas pelo programa em SP são “fantasmas”.

Investigação

As investigações começaram em janeiro de 2023, quando a senha utilizada por Mantagnini foi bloqueada e ele ligou do próprio celular para pedir a liberação, se passando pelo policial federal.

A PF investiga como o técnico conseguiu a senha e se o policial que cedeu o acesso ao programa tem participação no esquema.

Montagnini está preso preventivamente desde dezembro de 2023 no Centro de Detenção Provisória de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

A PF espera recuperar cerca de 40% dos R$ 11 milhões que foram desviados por Mantagnini.

Em nota enviada ao Estadão, os advogados de Montagnini afirmam que o cliente está cooperando com as investigações e trabalham para que ele responda o processo em liberdade.

Vida de luxo

O programa Fantástico, da TV Globo, mostrou que o técnico de informática levava uma vida luxuosa em São José do Rio Preto (SP). Ele morava em uma mansão avaliada em R$ 2 milhões, tinha carros de alto padrão, videogames de última geração, armas e fazia viagens de helicóptero. O suspeito teria começado a se desfazer dos bens assim que teve a senha de acesso do “Desarma” bloqueada

Segundo as investigações, Montagnini tinha uma empresa de fachada e não declarou nenhum dos bens à Receita Federal. Conforme seu perfil no LinkedIn, ele possuía a loja desde setembro de 2013 - ano em que deixou de prestar serviços para a PF.

A Justiça Federal congelou todos os bens do investigado, inclusive contas bancárias, três imóveis e um veículo. A PF apreendeu três armas de fogo em poder do investigado, além de computadores e mídias de armazenamento.

Segundo os investigadores, o técnico deverá responder pelo crime de estelionato majorado, cuja pena prevista é de reclusão de 1 a 5 anos, aumentada em 1/3 por ter sido praticado contra a União.

Leia nota dos advogados do investigado na íntegra:

“O processo em questão tramita sob segredo de justiça, razão pela qual detalhes específicos sobre o caso não podem ser divulgados neste momento. Contudo, é de interesse do investigado que a verdade dos fatos seja plenamente esclarecida.

O Sr. Montagnini reconhece, em partes, as condutas que lhe são imputadas. Ele afirma que as ações foram realizadas de forma autônoma sem conhecimento da sua esposa e se compromete a colaborar integralmente com as autoridades competentes. O investigado assegura seu engajamento em todos os atos processuais que se fizerem necessários, com o objetivo de contribuir para o total esclarecimento das circunstâncias que envolvem o caso.

Finalizamos ressaltando que a defesa está focada no acompanhamento criterioso do inquérito, com o intuito de assegurar que todos os direitos de Tiago Montagnini sejam preservados, além de trabalhar para que o mesmo possa responder ao processo em estado de liberdade, garantindo assim a observância dos princípios constitucionais e legais que regem a matéria.”

*Com informações de Estadão Conteúdo

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