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Homem que mentiu sobre relação de ex-mulher com o tráfico tem prisão convertida em preventiva

A vítima acabou sendo assassinada pelo “tribunal do tráfico” do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio

Corpo de Janayna Napoleão ainda não foi encontrado

A Justiça do Rio converteu para preventiva a prisão de Iago Santos Fonseca, de 26 anos, acusado de inventar para traficantes que a ex-mulher era informante da polícia. A vítima acabou sendo assassinada pelo “tribunal do tráfico” do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio.

Na sessão, realizada nesta quinta-feira (15), Iago disse que foi agredido com cotoveladas na perna, tapas no pescoço e teve a algema apertada de forma excessiva. No entanto, para a juíza Daniele Lima Pires Barbosa, os relatos de agressão não configuram ilegalidade na prisão.

“A suposta agressão não guarda relação causal com as provas que ensejaram a prisão. Portanto, não se vislumbra qualquer evidência de prova ilícita originária ou por derivação em decorrência da alegada agressão, não havendo que se falar, portanto, em ilegalidade da prisão”, disse a magistrada.

O crime aconteceu em outubro deste ano, e na época a vítima chegou a ser dada como desaparecida. Iago foi preso nessa quarta-feira (13), dentro de uma casa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Segundo as investigações da Polícia Civil, Iago e Janayna Napoleão, de 22 anos, namoraram por cerca de sete anos, mas após um desentendimento, Janayna saiu da casa em que residia com o criminoso, em Nova Iguaçu, para morar na casa de parentes, no Complexo de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. Segundo a delegada Elen Souto, após o término, Janayna começou a se relacionar com outra pessoa, mas o ex, que não aceitava o fim da relação, passou a ameaçar a vítima.

“A Janayna tentou pôr fim ao seu relacionando, em diversas oportunidades, mas acabou reatando porque ela relatava pra sua irmã, que era sua confidente, de que temesse que algo pior pudesse acontecer. Alguns dias antes de seu desaparecimento, dia 5 de outubro, Janayna decide pôr fim ao em seu relacionamento com Iago. A partir daí, ela começou a receber diversos áudios ameaçadores do Iago relatando que se ela não fosse dele não seria de mais ninguém”, contou a delegada.

Inconformado com a separação, Iago inventou que a ex-mulher e seus amigos eram informantes da polícia. A informação chegou até os traficantes da comunidade, que submeteram as vítimas ao chamado “tribunal do tráfico”. Janayna, e dois amigos foram mortos. Até agora os corpos não foram localizados.

“O corpo da Janayna, do Jonhy e do Vinicius não foram localizados até hoje. Trata-se de uma conduta costumeira de narcotraficantes do comando vermelho de incinerarem, de ocultarem os cadáveres de suas vítimas a fim de dificultarem a investigação”, completou a delegada.

Iago foi preso por feminicídio.

Segundo a delegada Elen Souto, as investigações prosseguem:

“A investigação prossegue a fim de que possamos ouvir os familiares do Jonhy, e identificar e ouvir os familiares do Vinicius, para que Iago também responda como autor intelectual dos homicídios do Jonhy e do Vinicius e para identificarmos os autores que efetivamente executaram essas três vítimas.

Diana Rogers tem 34 anos e é repórter correspondente no Rio de Janeiro. Trabalha como repórter em rádio desde os 21 anos e passou por cinco emissoras no Rio: Globo, CBN, Tupi, Manchete e Mec. Cobriu grandes eventos como sete Carnavais na Sapucaí, bastidores da Copa de 2014 e das Olimpíadas em 2016.