No comando do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) neste momento, o Brasil é mais um país que entra na lista daqueles que tentam encontrar um caminho de paz entre Israel e Palestina.
Ainda que não tenha um legado na resolução de conflitos e não tenha relação direta com a crise no Oriente Médio, o papel do Brasil é relevante, segundo analistas.
Enquanto isso, a posição do país é de condenar os ataques, apesar de entender que a região deveria ser dividida em dois Estados.
Desde os ataques do Hamas a Israel, em 7 de outubro, o Brasil se posicionou contrário à violência e à morte de civis. Porém, na nota, não citou diretamente o nome do grupo radical islâmico Hamas, autor dos bombardeios, nem os nomeou como terroristas, como alguns países fazem. Isso gerou um mal-estar, especialmente no cenário interno.
Cinco dias depois, o Itamaraty publicou uma nota explicando que não classifica o Hamas como terrorista seguindo determinações da própria ONU. De acordo com a nota, a lista de entidades que são classificadas como terroristas pelo Conselho estão incluídos o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, além de grupos menos conhecidos do grande público.
Na sequência, convocou uma reunião de emergência no Conselho de Segurança, na sexta-feira (13). O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que o objetivo imediato é prevenir o derramamento de sangue e perdas de novas vidas na guerra.
A tendência é que seja proposto um cessar-fogo humanitário, para que os civis possam ser retirados em segurança.
O Brasil é um país que concorda com a criação de dois Estados, assim como a proposta da ONU de 1948. O plano consistia na divisão da parte ocidental do território em dois Estados – um judeu, com 53% do território, e outro árabe, com os restantes 47%. Jerusalém (atual capital de Israel) e Belém seriam duas cidades controladas por uma coalizão internacional.
Naquela época, confrontos já aconteciam, e foram potencializados logo quando Israel declarou independência, com a Guerra Árabe-Israelense.
Papel importante do Brasil
O diplomata Sérgio Eduardo Moreira Lima, que foi embaixador do Brasil em Israel e na Palestina, considera que o Brasil tem um legado pela solução pacífica de conflitos. Mesmo assim, ele reforça que o país não é necessariamente um mediador natural do conflito entre Israel e Palestina.
“O Brasil não é candidato a ser mediador nesse conflito, mas inspira respeito. O Brasil tem compromisso com o direito internacional. Nem todos os países negociaram suas fronteiras dessa maneira. Tem uma enorme credibilidade internacional e credenciais muito fortes”, disse à CNN.